Enfermeira Bárbara Andrade
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12 Abr, 2017 - 16:49

Vaginismo: o que é, sintomas e formas de tratamento

Enfermeira Bárbara Andrade

O Vaginismo é caracterizado por espasmos musculares reflexos involuntários que podem provocar uma oclusão completa do canal vaginal durante a relação sexual, provocando dor.

Vaginismo: o que é, sintomas e formas de tratamento

Vaginismo é o nome de uma disfunção sexual feminina, de causa física ou psicológica, que provoca a contração involuntária dos músculos em redor da abertura vaginal.

Esta contração do músculo torna o ato sexual ou qualquer atividade sexual que envolva penetração, num momento doloroso ou mesmo impossível.

O vaginismo é uma situação que ocorre, sem que a mulher consiga controlar, mesmo que ela apresente um elevado desejo ou apetite sexual. Geralmente inicia-se quando a mulher começa a tentar ter relações sexuais pela primeira vez.

Outras vezes, desenvolve-se mais tarde, por exemplo, quando outro fator faz com que a relação sexual seja dolorosa pela primeira vez ou quando a mulher tenta uma relação sexual estando emocionalmente abalada.

Como a relação sexual poderá ser dolorosa, as mulheres temem-na, pelo que inconscientemente, os músculos da região vaginal ficam mais apertados e causa ou aumenta a dor quando a relação sexual é tentada.

A maioria das mulheres, portanto, não consegue tolerar a relação sexual ou qualquer atividade sexual que envolva penetração (ex. a inserção de um tampão absorvente, introdução de um dedo ou um espéculo, etc.).

Causas de Vaginismo

Mulher a ter uma crise de ansiedade

O vaginismo é uma causa comum de dor sexual e é também a principal causa feminina de casamentos assexuados (não consumados).

É uma disfunção que pode ser de causa primária ou secundária, sendo que o vaginismo primário ocorre em pessoas no início da primeira relação sexual, enquanto que o vaginismo secundário ocorre após um período durante o qual a mulher vivia relações íntimas normais com penetração vaginal.

Possíveis causas da disfunção:

  • Prévias relações sexuais dolorosas;
  • Ansiedade devido ao medo da dor;
  • Medo de engravidar;
  • Tristeza, depressão ou stress
  • Abuso sexual;
  • Educação religiosa, relacionada com certas crenças sobre a moralidade no conceito de virgindade, nudez ou perigos relacionados com a sexualidade;
  • Doenças como: infeção urinária, endometriose, tumores pélvicos;
  • Trauma relacionado com o parto;
  • Desconforto em relação ao contato íntimo;
  • Menopausa;
  • Raramente verifica-se a presença de um canal vaginal estreito mal formado ou mal posicionado, ou um hímen muito espesso e história de trauma na bacia.

Diagnóstico do Vaginismo

O diagnóstico baseia-se na descrição da mulher sobre o seu problema e sobre o seu histórico médico (incluindo a infância e a adolescência) e histórico sexual, incluindo um exame pélvico subsequente.

Sintomas de Vaginismo

O vaginismo pode ser parcial, total ou situacional. O espasmo do vaginismo parcial é moderado. A relação torna-se muito difícil e provoca dispareunia, isto é, a dor associada com a relação sexual vaginal.

No vaginismo total, a contração muscular é intensa e a vagina contrai-se totalmente de forma a impedir qualquer tentativa de penetração.

Se o espasmo aparece apenas sob certas condições, o vaginismo é chamado de situacional. Este é por exemplo o caso de uma mulher que apresente vaginismo com um determinado parceiro, mas não com outro.

São sintomas de vaginismo:

  • Dor frequente durante o contato íntimo;
  • Contração ou ardência vaginal durante a relação sexual, com estreitamento da abertura vaginal durante o sexo;
  • Dificuldade com a penetração ou impossibilidade de penetração;
  • Períodos de apneia (suspensão voluntária ou involuntária da respiração) durante a relação sexual e rigidez muscular dos membros inferiores e membros superiores;
  • Desconforto durante os exames ginecológicos, ou durante a tentativa de inserção de tampões absorventes.

Tratamento do Vaginismo

ginecologista

O tratamento é multidisciplinar e pode envolver terapia sexual, fisioterapia com exercícios perineais, psicoterapia e a colaboração de um ginecologista.

A mulher que sofre de vaginismo tende a recusar-se a ser examinada pelo seu médico devido ao medo relacionado com o exame ginecológico (ex. introdução do espéculo), por ansiedade de lhe ser infligida dor.

O objetivo do tratamento é diminuir o aperto reflexivo dos músculos vaginais e trabalhar a parte psicológica, de forma a diminuir o medo de dor que ocorre quando a vagina e a área circundante são tocadas. Para reduzir esse reflexo, as mulheres são instruídas a fazer certos exercícios de toque.

A terapia consiste na mulher iniciar uma estimulação progressiva das áreas em redor da sua vagina. O objetivo é, a cada dia que passa, conseguir avançar um pouco mais perto da abertura vaginal, aumentando lentamente o quanto consegue chegar na vagina sem sentir dor.

Quando conseguir tocar os tecidos ao redor da abertura vaginal (chamada de lábios), deve de poder praticar a abertura dos mesmos. As mulheres são incentivadas a usar um espelho para ver suas áreas genitais.

Elas são, então, instruídas a inserir o dedo na vagina, empurrando ou forçando para baixo enquanto inserem o dedo para ampliar a abertura e facilitar a introdução. À medida que se sentem confortáveis, com uma inserção progressivamente maior dos dedos deverá de substitui-los por cones, eventualmente, as mulheres começam a sentir-se à vontade e convidam seus parceiros a participar.

Somente após a conclusão dessas etapas o casal deve tentar a relação sexual novamente. Os médicos costumam recomendar que as mulheres segurem o pénis do parceiro e o coloquem parcial ou totalmente na vagina da mesma maneira como colocaram o cone.

Em associação às técnicas de dilatação vaginal, devem ser realizados os exercícios de Kegel, que consistem em exercícios que trabalham a região íntima feminina, de modo a permitir a penetração.
O aconselhamento psicológico pode facilitar, acelerar o processo e reduzir a ansiedade e por isso também é indicado.

Nota final

É importante esclarecer que a contração dos músculos da vagina é involuntária e a mulher não é responsável por esta contração, provocando desconforto e descontentamento também para ela.

No entanto, a maioria das mulheres com vaginismo desfruta da atividade sexual, desde que não envolva penetração.

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