Danielle Paiva
Danielle Paiva
09 Mar, 2023 - 19:30

Sintomas da candidíase: vaginal, oral e de pele

Danielle Paiva

Dependendo da origem, os sintomas da candidíase podem ser diferentes e isso vai orientar a linha de tratamento. Descubra quais são.

Os sintomas da candidíase estão associados ao local onde surge. Por ser um fungo oportunista, aproveita-se de uma baixa da imunidade da pessoa para proliferar-se. Comichão, descamação, vermelhidão e inchaço estão entre os principais sintomas.

A candidíase vaginal vai aparecer pelo menos uma vez na vida, em 75 % das mulheres, segundo a Sociedade Portuguesa de Ginecologia, sendo esta a forma mais comum nos seres humanos.

Em 90% das mulheres a candidíase vulvovaginal é causada por um sobrecrescimento de Candida albicans. Metade das mulheres terão dois ou mais episódios na sua vida. Entre 10 e 20% das mulheres são portadoras assintomáticas, 40% das mulheres apresentam candidíase durante a gravidez.

As outras formas de manifestação da candidíase são oral, cutânea e sistémica. A candidíase cutânea pode afetar áreas húmidas do corpo como: espaços interdigitais, seios, axilas, pregas das virilhas, debaixo de unhas.

 Sintomas da candidíase vaginal

Sendo o tipo mais frequente de candidíase, tem sintomas característicos causados por uma resposta inflamatória excessiva, associados a mudança das condições do ambiente vaginal. Os sintomas intensificam-se no período pré-menstrual, quando a acidez vaginal aumenta. São eles:

  • corrimento vaginal branco, grumoso e espesso, tipo requeijão, inodoro, que forma placas aderentes às paredes vaginais;
  • prurido vulvar ( comichão);
  • eritema ( vermelhidão);
  • edema;
  • fissuras vulvares;
  • dispareunia ( dor na relação sexual);
  • disúria ( dor ao urinar).

Habitualmente, a Candida albicans  coloniza a vagina das mulheres e tem a sua origem no sistema gastrointestinal. O vírus coloniza a região perianal, migra pelo períneo, alcança a vagina e lá se estabelece.

Uma forma disto acontecer é através da limpeza incorreta do ânus após a evacuação. Se a mulher se limpa de trás para a frente, acaba por trazer germes da região perianal para a vagina.

Algumas mulheres têm a sua vagina colonizada pelo fungo candida, sem que hajam sintomas da candidíase. A maior parte, no entanto, acaba por apresentar a doença. Como fatores de risco para o desenvolvimento desta forma da doença temos: a utilização de hormonas, tratamento com antibióticos, uso de contraceptivos orais, gravidez, diabetes, hábitos de higiene inadequados, uso de roupas íntimas justas e/ou sintéticas (que aumentam a humidade desta zona).

Sintomas da candidíase oral

Os sintomas mais comuns da candidíase oral são:

  • existência de placas esbranquiçadas na boca, garganta e/ou língua;
  • vermelhidão e inchaço na garganta e boca;
  • desconforto ao engolir;
  • feridas no canto da boca;
  • dor;
  • irritação local;
  • distúrbios da salivação.

A forma oral, conhecida como “sapinho”, é a forma mais comum, com lesões na mucosa bucal, no palato (céu da boca), na orofaringe ou na língua.

Em pacientes idosos, o uso de medicamentos, como antidepressivos, diuréticos e com efeitos anticolinérgicos, constitui uma causa importante de candidíase oral. Isto deve-se ao fato de que estas substâncias são capazes de gerar xerostomia, diminuição do fluxo de saliva reduz a capacidade de limpeza promovida por este fluido.

Pessoas que usam próteses superiores completas também podem ser afetadas, com céu da boca vermelho e doloroso, como sintomas da candidíase.

Sintomas da candidíase cutânea

A candidíase cutânea ocorre quando existem condições de humidade e temperatura adequadas, como nas dobras da pele, nas fraldas de recém-nascidos, e em climas tropicais ou durante meses de verão. Os sintomas da candidíase,são:

  • eritema (vermelhidão);
  • edema;
  • exsudato purulento (secreção com pus);
  • pústulas ( borbulhas com pus);
  • erosão interdigital (descamação entre os dedos);
  • onicomicose ( fungos nas unhas);
  • paroníquia ( inflamação ao redor das unhas).

Pessoas obesas podem sofrer mais desta doença, diabetes e VIH também estão associados. Algumas atividades, como lavadores de louça em restaurantes e lavadeiras, tem uma incidência maior de paroníquia.

Diagnóstico

O diagnóstico da candidíase é essencialmente clínico, mas é necessária a confirmação em um laboratório de micologia. Procedimentos para a coleta de amostras são estabelecidos de acordo com a manifestação clínica, por exemplo, temos os pedaços de pele e unhas, raspados de mucosa oral, vaginal ou anal.

Na candidíase vaginal, pode ser confirmado laboratorialmente com zaragatoa vaginal, por exame microscópico a fresco e/ou cultural (em meio de cultura específico para fungos leveduriformes). Na candidíase oral, o exame físico é suficiente para fechar o diagnóstico, na maioria das vezes.

Tratamento

O tratamento  varia de acordo com a parte do corpo afetada e os sintomas da candidíase apresentados. Procura-se, contudo, eliminar o fungo através da utilização de pomadas antifúngicas ou, se a infeção for persistente, de antifúngicos orais, de forma a evitar o retorno da infeção.

  1. Candidíase oral: antifúngico e nistatina.
  2. Candidíase vaginal: só se tratam as mulheres sintomáticas, com antifúngico oral e tópico. Não é recomendado o tratamento de mulheres assintomáticas, a identificação de candida num exame cultural numa mulher assintomática não deve ser tratada, porque cerca de 10-20% das mulheres têm fungos comensais na vagina. Parceiro sexual sintomático também deve ser tratado.
  3. Unhas: consiste na aplicação de solução de Clotrimazol a 1%, duas vezes por dia. Como opção pode ser utilizado o Timol a 4% em etanol uma vez ao dia.
  4. Candidíase cutânea: deve-se aplicar pomada de Nistatina ou o creme de Clotrimazol a 1%, ou com creme de Hidrocortisona a 1%, duas vezes ao dia.
Veja também

Fontes

1. Sociedade Portuguesa de Ginecologia. Revisão dos Consensos em Infecções Vulvovaginais, 2012. Disponível em: http://www.spginecologia.pt/uploads/revisao_dos_consensos_em_infeccoes_vulgovaginais.pdf
2. PEIXOTO, Juliana et all . Candidíase – Uma Revisão De Literatura. 2014. Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research-BJSCR. Disponível em: https://www.mastereditora.com.br/periodico/20141001_074435.pdf

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