O leite materno é o alimento ideal nos primeiros 6 meses de vida do bebé, fornecendo, nas proporções adequadas, todos os nutrientes necessários para um crescimento adequado. Dada a sua importância, a organização mundial de saúde recomenda o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses (1). No entanto, quando isto não é possível é necessário saber que quantidade de leite ou fórmula dar ao bebé.
Existe uma grande variedade de leites e fórmulas no mercado. Denomina-se de “leite” quando o produto é fabricado integralmente a partir de proteínas do leite de vaca. Por outro lado, se a fonte proteica for outro alimento, por exemplo a soja, é chamado de “fórmula”.
A quantidade de leite que deve dar vai depender de vários fatores, como a idade, o peso e se existe ou não combinação com outros alimentos (2).
Necessidades energéticas do bebé

Para o cálculo da quantidade de leite que deve oferecer ao bebé, é necessário perceber as suas necessidades hídricas e energéticas, ajustadas ao seu peso corporal, de forma a garantir o aporte correto de nutrientes para promover o crescimento adequado para a idade.
- Para idades dos 0 aos 6 meses, o bebé deverá ingerir entre 99 a 116 kcal / kg de peso corporal /dia e entre 150 a 170 mL/kg de peso corporal/dia (2)
- Para idades dos 6 aos 12 meses, o bebé deverá ingerir entre 95 a 101 kcal / kg de peso corporal /dia e entre 150 a 170 mL/kg de peso corporal/dia (2)
Então, que quantidade de leite devo dar ao bebé?

Assumindo que um bebé de 3 meses apresenta 6,0 kg (percentil 50th) e o leite materno já não é suficiente para alimentá-lo, considerando que uma determinada fórmula de transição apresenta 483kcal/100g de pó:
1. Calcular a necessidade energética total diária:
- 99kcal* x 6,0 kg = 594 kcal
*assumindo que a criança se encontra com o peso ideal para a idade (percentil 50th).
2. Calcular a quantidade de fórmula necessárias para satisfazer as necessidades:
- (594 kcal x 100 g) / 483 Kcal = 123,0 g de fórmula
*Partindo do pressuposto que o bebé irá fazer 6 tomas, 123,0 g / 6 tomas = 21,0 g por toma
3. Calcular as necessidades hídricas:
- 150 ml * 6,0 kg = 900 ml de água total
- 900 ml de água / 6 tomas = 150 ml água por toma
*Assim, cada toma deverá conter 21,0 g de pó dissolvido em 150 ml de água.
Após os 6 meses, o bebé já se encontra no processo de diversificação alimentar, e, portanto, o suprimento das necessidades energéticas do bebé não depende exclusivamente do leite.
Nesta fase começam a ser introduzidos alimentos de consistência semissólida a sólida como fonte energética secundária de acordo com as necessidades de energia, macronutrientes e micronutrientes do bebé (4).
Assim, deverá adaptar a quantidade de leite à idade e ao peso do bebé, seguindo as indicações do médico pediatra ou nutricionista.
Frequência da alimentação
Em média, um recém-nascido deve ser amamentado com leite materno a cada 2 a 3 horas, ou 8 a 12 vezes por dia, enquanto alimentado com fórmula o intervalo passa para 3 a 4 horas (8 a 6 vezes por dia), resultando numa ingestão entre 140 a 200 ml de leite por quilograma de peso corporal por dia (2).
Dos 8 aos 12 meses, os bebés, em média, são amamentados 3 a 4 vezes por dia, uma vez que já se encontram no processo de alimentação complementar (2).
Estes intervalos não devem ser rígidos, devendo ser respeitado o mecanismo fisiológico de saciedade do bebé, alimentando-o de acordo com a sua vontade, suprimindo as necessidades energéticas com a quantidade de leite adequada.
Nota final
A amamentação e a alimentação complementar inadequadas, juntamente com a alta prevalência de doenças infeciosas, são as principais causas de desnutrição no primeiro ano de vida.
Aconselhe-se e siga as orientações do seu pediatra ou nutricionista, no que diz respeito à quantidade de leite a oferecer ao bebé, de forma a evitar estados de malnutrição.
1. World Health Organization. (2002). Infant and young child nutrition Global strategy on infant and young child feeding. Disponível em:
http://apps.who.int/gb/archive/pdf_files/WHA55/ea5515.pdf
2. DiMaggio, D.M. et al. (2017). Updates in Infant Nutrition. Disponível em:
https://pedsinreview.aappublications.org/content/38/10/449
3. FAO. Energy and Protein requirements. Infants, children, and adolescents. Disponível em:|
http://www.fao.org/3/AA040E/AA040E07.htm
4. Fewtrell, M. et al. (2017). Complementary Feeding: A Position Paper by the European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN) Committee on Nutrition. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/28027215