Psicóloga Carolina Pinheiro
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09 Jan, 2023 - 13:40

9 características que determinam se é uma pessoa autoritária

Psicóloga Carolina Pinheiro

A pessoa autoritária é dominadora relativamente àqueles que ela percebe como mais fracos, e submissa em relação aos mais fortes.

9 características que determinam se é uma pessoa autoritária

A Teoria da Personalidade Autoritária surgiu da necessidade de abordar o tema do antissemitismo (preconceito) e veio a revelar-se importante para o entendimento da personalidade em geral. Conheça, então, os traços gerais da pessoa autoritária.

Características da personalidade da pessoa autoritária

9 características que determinam se é uma pessoa autoritária

Sabemos que existem indivíduos mais resistentes à mudança de pensamento, sobretudo em relação aos seus preconceitos étnicos, culturais e/ou religiosos. Nesta base, alguns estudos foram desenvolvidos sobre a personalidade da pessoa autoritária. Veja, por isso, algumas das características gerais da pessoa autoritária.

1.

Convencionalismo

Aqui falamos de uma atitude convencionalista, na qual há adesão a valores rígidos. Normalmente, estes indivíduos, como forma de criar ilusão de que têm poder, identificam-se com grupos sociais considerados fortes e dominantes.

2.

Apresentação autoritária

A pessoa idealiza-se como líder (com poder). Decorrente dessa idealização, torna-se acrítico em relação à forma como um líder se deve comportar.

3.

Agressão autoritária

Atitude dirigida àqueles que entende como sendo os ” mais fracos” da sociedade. Todos os que têm uma opinião contrária à sua são condenados moralmente, através de uma atitude hostil e, por vezes, punitiva.

4.

Anti-intracepção

Há uma oposição a tudo o que seja subjetivo, introspetivo, imaginativo e até crítico.

5.

Superstição e estereotipia

Além de ter um pensamento muito associado a estereótipos e baseado em preconceitos, as pessoas com uma personalidade autoritária têm também um pensamento muito rígido que, não raras vezes, é imposto aos outros.

6.

Poder e dureza

Na sua afirmação do poder, dividem as pessoas em categorias: por um lado, as fortes e as fracas (alimentando um sentimento de poder sobre estas); por outro, dominantes e submissas.

7.

Destrutividade e cinismo

Estes indivíduos apresentam-se aos outros com alguma ambivalência, típica de algum conflito mal resolvido na infância, por exemplo. Se por um lado são participantes da democracia onde vivem, por outro, derivado da sua tendência autoritária, expõem o seu ponto de vista numa atitude cínica e destrutiva.

8.

Projeções

Aqui falamos de projeções inconscientes de desejos, medos, fantasias de autoridade e fraquezas que não querem assumir em si mesmos, projetando-as nos outros. Esta atitude funciona como mecanismo de defesa.

9.

Preocupação exagerada

Tem preocupações exageradas em relação à sexualidade, na tentativa  de um controlo moral e expressões sexuais em geral.

Pessoa autoritária na história da evolução

Para que melhor possa entender a personalidade da pessoa autoritária, vamos de uma forma bem geral fazer uma pequena viagem evolutiva.

As características denominadas acima tinham uma conotação somente cultural e religiosa e eram confinadas a determinados indivíduos.

Nos dias de hoje, existe um novo paradigma, o preconceito e discriminação. Estes existem em várias culturas, independentemente do país, e estão subjacentes a esta identidade de poder.

Surge assim, o multiculturalismo por um lado relacionado com a diversidade cultural e por outro integrando ideologias ou políticas sociais que tenham como objetivo promover a diversidade ou a sua institucionalização em uma sociedade e a perspetiva multidimensional.

Esta perspetiva multidimensional, mantida até aos dias de hoje, aborda o preconceito como um fenómeno multifacetado, afetivo e acionado pelas motivações de cada um. O preconceito é também influenciado por ideologias, diferenças individuais e relações de poder, envolvendo ameaça, competição e desigualdade.

Neste sentido, podemos dizer que o que leva os indivíduos a agirem moralmente não é exatamente a lei, ou mesmo os valores socialmente partilhados, mas sim certos sentimentos encontrados no contexto infantil ligados à fantasia de autoridade, que salvaguarda a normatividade das leis, sentimentos como o desamparo, o medo, a angústia e o amor.

Tais sentimentos são aqueles que, no domínio social em que se encontra o indivíduo, constituem as exigências que devem ser satisfeitas no âmbito social tais como o reconhecimento e pertença, a segurança e proteção. Ou seja, estes sentimentos são satisfeitos por meio de uma figura de autoridade na infância conotada como “força da lei”.

Como se explica este tipo de personalidade?

Para Freud, há uma dualidade mal resolvida que vem desde a infância, ou seja, há uma tendência ambivalente de prazer e desprazer.

Para que melhor possa perceber, são necessárias a resolução de determinadas etapas durante o desenvolvimento de cada indivíduo. Quando alguma delas entra em conflito, dá-se uma dualidade. Neste caso falamos da criança que em adulto desenvolve determinada personalidade (pessoa autoritária).

Vejamos, de maneira geral o que acontece.

O sentimento de medo da perda do amor paterno leva a aceitação da norma fornecida pela alteridade. Sendo o amor pela mãe impossibilitado, a pessoa autoritária só consegue senti-lo pela figura paterna (complexo edipiano). E, como sabemos, a relação com o pai é marcada por uma ambivalência na época edípica, o que fomenta uma identificação simultaneamente amorosa e odiosa. Na projeção destes sentimentos dicotómicos o indivíduo reserva amor exclusivo ao líder, restando ao seu outro lado sádico a projeção do ódio às minorias que persegue.

Assim será uma forma do indivíduo evitar sentimentos como o desamparo, o medo e a angústia próprios da infância. Isto é, a moralidade, baseada em sanções, leis, e valores só se desenvolve mediante uma fantasia de autoridade.

Neste sentido, podemos dizer que o que leva os indivíduos a agirem moralmente não é exatamente a lei, ou mesmo valores socialmente partilhados, mas sim certos sentimentos encontrados no contexto infantil ligados à fantasia de autoridade que salvaguarda a normatividade das leis, sentimentos como o desamparo, o medo, a angústia e o amor.

Tais sentimentos são aqueles que, no domínio social em que se encontra o indivíduo, constituem as exigências que devem ser satisfeitas no âmbito social e político tais como o reconhecimento e pertencimento, a segurança e proteção.

Na pessoa autoritária, os sentimentos vinculados à lei são de medo, rigidez, incompreensão e pavor e não de amor, compreensão, ternura e segurança. Estas serão as características que farão o indivíduo, quando adulto, a reconhecer e se submeter às regulações sociais apenas para submeterem o sujeito a uma representação fantasmática de autoridade que deve perpetuar um sentimento de inadequação, fraqueza e impotência.

A forma como a pessoa autoritária se apresenta pode ser vista como um modo de evitar a vivência de conflitos psíquicos.

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