Psicóloga Carolina Pinheiro
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02 Jan, 2020 - 09:57

Como melhorar a sua capacidade de tomar decisões

Psicóloga Carolina Pinheiro

Para melhorar a capacidade de tomar decisões deve focar-se na qualidade do processo decisório e não nas consequências desta ou daquela decisão.

Como melhorar a sua capacidade de tomar decisões

A capacidade de tomar decisões pode apresentar-se de duas formas: perante uma situação em que é necessário decidir, sabendo à partida as consequências dessa decisão; e outras em que, independentemente do tempo gasto a refletir, até podemos ter uma ideia de possíveis consequências, mas não certezas até depois de tomada a decisão.

Capacidade de tomar decisões: análise de processo

Como melhorar a sua capacidade de tomar decisões

Em situações que não sabemos o que pode acontecer ao certo em primeiro lugar devemos: reconhecer a existências das incertezas e refletir; em segundo lugar, encontrar uma forma de simplificá-las avaliando-as uma a uma (1).

A resposta às seguintes perguntas podem ajudá-lo no processo de decisão:

  • Quais são as principais incertezas?
  • Quais os possíveis resultados?
  • Quais as hipóteses de ocorrência de cada resultado possível?
  • Quais as consequências de cada resultado?

A maneira como as pessoas solucionam tarefas mentais difíceis e constroem modelos para essas explicações vai depender em parte na forma como cada um de nós processa e transforma as informações que recebe e as usa posteriormente. Alguns modelos descrevem como pode ocorrer o processo de tomada de decisão:

Modelo Racional

O comportamento racional do homem é compreendido como aquele que, distanciado dos sentimentos e das paixões, pode analisar através da inteligência, os melhores meios de atingir um objetivo.

Modelo de Simon

Para este, as variáveis educação, o meio social e os problemas afetivos, influenciam a capacidade de tomar decisões. Quando se reconhece que os estilos cognitivos de cada um influenciam na escolha, percebemos que a decisão está ligada à personalidade e à história pessoal de cada um, que possui características individuais: personalidade, motivações, experiências, competências, modo de raciocínio, julgamento, intuição, criatividade etc.

Modelo de Lindbom

As consequências de cada escolha pertencem a um subconjunto de todas as consequências possíveis. Como tal, ao avaliar uma situação de cada vez, na hora de tomada de decisão pense sempre no impacto como um todo no futuro.

Como tomar decisões eficazes?

Como melhorar a sua capacidade de tomar decisões

As decisões são ferramentas utilizadas para lidar com os desafios da vida, incertezas e oportunidades sejam elas conscientes ou inconscientes e acarretem boas ou más consequências.

Existem alguns fatores que o podem levar a tomar uma decisão de forma eficaz (2):

  • Trabalhe com o problema certo: aqui deve questionar-se qual o problema que exige capacidade de tomar decisões;
  • Defina os objetivos: a decisão deve basear-se no objetivo que se pretende;
  • Crie alternativas com imaginação;
  • Compreenda as consequências: será que as alternativas satisfazem bem os objetivos?
  • Confronte os itens de negociação: quando os objetivos entram em conflito, temos de chegar a um equilíbrio. Não se esqueça que a capacidade de tomar decisões eficazes exige sempre alguma insegurança por isso, veja as necessidades e estabeleça prioridades;
  • Esclareça as suas incertezas: o que poderá acontecer no futuro e qual a possibilidade de tal acontecer;
  • Analise cuidadosamente a sua tolerância a riscos: dependendo do que está em causa e do risco que se corre ao tomar uma decisão, as pessoas são únicas e como tal, reagem à tolerância de formas diferentes;
  • Examine as decisões interligadas: as suas decisões de hoje podem ter impacto nas escolhas do futuro portanto, analise uma a uma das situações e vá resolvendo as de curto-prazo pois certamente levarão a uma decisão final mais consistente e segura.

Estes fatores só por si já o vão ajudar, mas se tal não for suficiente, faça esquemas, tabelas e/ou peça opiniões, conselhos.

Já se deve ter deparado com a dificuldade de tomar decisões importantes. Isso deve-se ao facto de estas envolverem mais riscos e as consequências serem maiores. Os períodos de dúvida, procastinação, ou seja, o adiar recorrente, de confusão e ansiedade levam muitas das vezes, a tomadas de decisão precipitadas.

Critérios a ter em consideração no processo de decisão

Um processo de decisão eficaz deve assentar em alguns critérios (2):

  • Concentrar-se no que é importante
  • Ser lógico e coerente
  • Reconhecer os fatores objetivos e subjetivos, combinando os pensamentos analítico e intuitivo
  • Exigir apenas a quantidade de informação e a análise necessárias para resolver determinado problema
  • Estimular e guiar a obtenção de dados relevantes e opiniões bem informadas
  • Ser direto, seguro e flexível

Tendo em conta o que já foi referido acima percebemos então que diferentes pessoas diante de um mesmo facto tendem a interpretá-lo de acordo com seus modelos mentais, que as levam a percebê-lo de forma diferente.

A comunicação tem aqui um papel importante, sobretudo em contexto organizacional em que a comunicação no trabalho em equipa é um forte meio de resolução de problemas. Ao conseguirmos obter um maior número de informações e perspetivas distintas teremos uma capacidade de tomar decisões mais consistente e convincente.

Dados, informações, conhecimento e comunicação são elementos decisivos na tomada de decisão (3).

Veja também

Fontes

1. Simonetto, E. & Lobler, B. (2010). Análise dos modelos de tomada de decisão sob o enfoque cognitivo. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria. 3, n.º 2, p. 260-268. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2734/273420396008.pdf
2. Hammond, S. (1937). Decisões inteligentes. Disponível em:  https://books.google.pt/books?hl=ptPT&lr=&id=zcpBDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA91&dq=capacidade+de+tomar+decisões&ots=oPBwvw1IN0&sig=cFfKj2uiz_IoSZq-aTMlvQAORVA&redir_esc=y#v=onepage&q=capacidade%20de%20tomar%20decisões&f=false
3. Angeloni, M. (2003). Elementos intervenientes na tomada de decisão. Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina. Coordenadora do Núcleo de Estudos em Gestão da Informação, do Conhecimento e da Tecnologia. v. 32, n. 1, p. 17-22. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ci/v32n1/15969

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