Drª Rita Campilho | Médica Veterinária
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20 Mar, 2018 - 13:00

Parvovirose canina: uma infeção que pode afetar o seu cachorro

Drª Rita Campilho | Médica Veterinária

A Parvovirose canina é uma infeção vírica que afeta maioritariamente cachorros e lhes provoca, principalmente, alterações gastrointestinais.

Parvovirose canina: uma infeção que pode afetar o seu cachorro

A Parvovirose canina é uma infeção vírica potencialmente fatal que afeta maioritariamente cachorros ou cães adultos não vacinados. É altamente contagiosa e é uma causa comum de doença intestinal aguda. Convém saber identificar precocemente os seus sinais para poder agir o quanto antes.

Etiologia da Parvovirose

O que é

A Parvovirose canina é causada pelo parvovírus canino CPV-2, sendo que há várias variantes desta estirpe. Trata-se de um vírus altamente resistente à maioria dos detergentes e desinfetantes comuns, assim como a mudanças de temperatura.

Como tal, o vírus pode persistir em ambientes internos com temperatura ambiente por mais de 2 meses, e no exterior, caso esteja protegido da exposição solar, persiste por meses até anos.

Animais mais suscetíveis

Os animais com maior risco de apanhar Parvovirose são cachorros (6 semanas a 6 meses de idade) que não estão vacinados, no entanto adultos não vacinados também podem infectar-se, mas a manifestação clínica será, à partida, mais suave.

As raças Rottweiler, Dobermann Pinscher, Pit Bull Terrier Americano, Springer Spaniel Inglês e o Pastor Alemão foram descritas como sendo mais propícias a desenvolver a doença.

Cachorros que tenham mamado de mães previamente vacinadas ou com imunidade perante o vírus, estão protegidos pelos anticorpos transmitidos pelo leite apenas durante as primeiras semanas de vida.

Transmissão

O vírus é transmitido através do contato direto com fezes contaminadas de cão. A transmissão indireta, como por exemplo através de objetos (sapatos, luvas, equipamentos) que tiveram contato com as fezes, também são uma das principais fontes de infeção.

O vírus começa a ser excretado nas fezes de cães infectados 4 a 5 dias após estes terem estado expostos ao vírus (geralmente antes até dos sinais clínicos se manifestarem) e persiste até uns 10 dias após a recuperação clínica. Ou seja, o seu cão pode estar em contacto com um outro cão que está a excretar parvovírus sem ninguém se aperceber e tomar as devidas precauções de isolamento.

Evolução da doença

Após entrar no organismo através da boca e/ou nariz, o vírus multiplica-se e espalha-se pela corrente sanguínea. Dirige-se e ataca preferencialmente as células que têm uma elevada taxa de divisão, nomeadamente as da medula óssea, do tecido produtor de células sanguíneas e do interior do intestino delgado.

A produção do vírus no intestino causa danos e perda de integridade das células, o que vai permitir às bactérias que estão naturalmente presentes no conteúdo intestinal de passarem para o sangue, agravando a situação.

O facto de a medula óssea estar afetada também vai diminuir a capacidade do organismo de combater infeções (pois há menos produção de glóbulos brancos).

Estes fatores conjugados favorecem o surgimento de infeções bacterianas secundárias.
Em cachorros infetados ainda no útero ou com menos de 8 semanas de vida, o vírus também se pode deslocar até ao coração, podendo causar insuficiência cardíaca sem se manifestarem as alterações digestivas.

Sinais clínicos da Parvovirose

cao triste

Os sinais clínicos da Parvovirose habitualmente surgem 5 a 7 dias após a infeção, e podem começar por ser inespecíficos, como depressão, perda de apetite e febre (41-42 ºC) e progredirem para vómitos e para a característica diarreia com sangue em 1 a 2 dias.

Dor abdominal também pode estar presente e é indicativa de que os intestinos podem ter ficado bloqueados, o que constitui uma emergência médica.

Há animais nos quais a infeção parece não causar grandes alterações, mas há outros cujo quadro clínico pode deteriorar-se rapidamente e morrerem devido à desidratação severa e às complicações resultantes da disseminação das bactérias pelo organismo.

Diagnóstico da parvovirose

analises ao sangue

O diagnóstico é baseado na história apresentada, nos sinais clínicos e é confirmado por análises ao sangue ou um exame às fezes que demonstre a presença do vírus. Este último pode ter de ser repetido pois necessita de apanhar a “janela temporal” em que o vírus está a ser excretado nas fezes.

Tratamento da parvovirose

cao no medico veterinario

Se o seu cão apresenta algum dos sinais clínicos supramencionados, deve levá-lo ao médico veterinário imediatamente pois quanto mais cedo se atuar maior é a probabilidade de recuperação.

Não há tratamento específico para eliminar a presença do vírus e a maioria dos cães recuperará com o tratamento de suporte que visa repor os fluídos e elementos perdidos pela desidratação causada pelos vómitos e diarreia. Para tal, poderão ser fornecidas soluções orais de hidratação ou então soro.

Poderá ser necessária a prescrição de antibióticos para prevenir/tratar a infeção bacteriana secundária, assim como medicação para tratar os vómitos.

Nunca dê ao seu cão, como primeira abordagem sem antes consultar um médico veterinário, um anti-diarreico pois a retenção de fezes num intestino que está comprometido pode aumentar o risco de infeção bacteriana e complicações para o organismo.

Controlo da Parvovirose

limpeza de chao

Devido ao facto de ser uma doença altamente contagiosa, são necessárias medidas de isolamento com os cães infetados com Parvovírus:

  • Alojar o cão separadamente.
  • Utilizar batas, calçado e luvas de proteção e não as retirar daquele local.
  • Limpeza frequente da área, com particular atenção às fezes.
  • Utilizar soluções comerciais de limpeza próprias para o efeito ou lixívia (diluição de 1 parte de lixívia para 30 de água).

Prevenção da Parvovirose

vacinacao de animal

A vacinação contra a Parvovirose previne a infeção, pelo que deve seguir o protocolo vacinal recomendado pelo seu médico veterinário. Este pode iniciar-se a partir das 6 semanas de vida, sendo que os reforços dependem da idade do cachorro na primeira vacina.

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