Fisioterapeuta Ana Vicente
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13 Mar, 2020 - 10:00

Espondilite anquilosante: o que é, sintomas e tratamento

Fisioterapeuta Ana Vicente

A espondilite anquilosante é uma doença inflamatória que, ao longo do tempo, pode levar à fusão de algumas das vértebras e afetar vários órgãos.

Homem com espondilite anquilosante

A espondilite anquilosante é uma forma de artrite caracterizada pela inflamação crónica da coluna vertebral e articulações sacroilíacas.

As articulações sacroilíacas estão localizadas na base da coluna lombar, onde o sacro (osso que se encontra diretamente abaixo da coluna lombar) se conecta com os ossos ilíacos (ossos situados em cada um dos lados das nádegas) da bacia.

No entanto, e uma vez que a espondilite anquilosante é uma doença sistémica, também poderá existir inflamação de outras articulações, bem como de determinados órgãos, como os olhos, coração, pulmões e rins.

Partilha uma série de características com várias outras condições de artrite, como por exemplo a artrite psoriática, artrite reativa e a artrite associada com a doença de Crohn. Afeta maioritariamente o sexo masculino, sobretudo na segunda e terceira décadas de vida.

Como surge a espondilite anquilosante?

espondilite anquilosante: homem com dores nas costas

Acredita-se que o desenvolvimento desta doença está associado a uma herança genética, pois a maioria das pessoas com espondilite anquilosante nasce com um gene conhecido como gene HLA-B27. Pensa-se que este gene apenas aumenta a tendência para desenvolver a doença, enquanto alguns fatores adicionais, como fatores ambientais por exemplo, são necessários para que se manifeste.

A inflamação inicial pode ser o resultado de uma ativação do sistema imunitário do corpo devido à presença de uma infeção bacteriana anterior ou uma combinação de micróbios infecciosos.

Uma vez ativado, o sistema imunitário torna-se incapaz de “desligar”, mesmo que a infeção inicial já não se encontre presente. A inflamação crónica dos tecidos que resulta da ativação contínua do sistema imunitário, na ausência de uma infeção ativa, é o que caracteriza uma doença inflamatória auto-imune.

sinais e sintomas

Os primeiros sinais e sintomas da espondilite anquilosante podem incluir dor e rigidez na parte inferior das costas e na anca, sobretudo durante a manhã e após períodos de inatividade. Dor no pescoço e fadiga também são comuns. Ao longo do tempo, os sintomas podem piorar, melhorar ou cessar por intervalos irregulares.

A inflamação da entese, zona onde a cápsula articular, ligamentos e tendões unem-se com o osso, é uma das principais características da doença.

Quando esta inflamação é muito severa, o seu processo de cicatrização e reparação poderá conduzir à formação de osso em locais que não seria de esperar.

Assim, ao longo dos anos poderá assistir-se a uma fusão óssea dos ligamentos na coluna vertebral, bem como de outras articulações. A este processo chama-se anquilose. A mobilidade da coluna diminui exponencialmente, aumentado o risco de fratura.

A fusão da coluna vertebral poderá levar ao aumento da cifose na coluna torácica, o que faz a pessoa curvar-se mais para a frente. Embora este processo possa ocorrer nos casos mais graves, com os avanços dos tratamentos esta manifestação da doença é cada vez menos frequente.

Espondilite anquilosante: tratamento

Homem com espondilite anquilosante no fisioterapeuta

Quanto mais cedo for estabelecido o diagnóstico da doença, mais cedo é possível iniciar os tratamentos e, assim, controlar a dor e a rigidez, bem como reduzir ou prevenir possíveis deformidades.

Ainda não existe cura para a espondilite anquilosante, mas há tratamentos que reduzem o desconforto e melhoram a função. Os objetivos do tratamento passam essencialmente por:

  • Reduzir a dor e a rigidez
  • Manter uma boa postura e prevenir deformidades
  • Preservar a independência na realização das atividades da vida diária

Quando o tratamento é corretamente aplicado, os indivíduos portadores da doença podem levar vidas bastantes normais.

Em circunstâncias ideais e de forma a alcançar os objetivos propostos, recomenda-se uma abordagem em equipa durante o acompanhamento da pessoa. Os membros desta equipa geralmente incluem o paciente, médico, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.

Em pacientes com deformidades graves, cirurgias de osteotomia (seccionamento cirúrgico de um osso) e fusão podem ser realizadas.

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