Mãe, imagine o que sentiria se no dia mais importante da sua vida, no momento que jamais esquecerá, não a deixavam entrar na sala onde tudo vai acontecer. Difícil, claro! Agora imagine o que sentirá um Pai que é impedido de assistir ao nascimento do seu filho.
Porque é que um Pai é, na maioria das situações, impedido de assistir ao parto?
É um assunto polémico, muito polémico mesmo. Existem procedimentos médicos que impedem que elementos estranhos estejam na sala de partos. Compreendo perfeitamente e não tenho nenhum argumento que contrarie esta regra desde que a decisão tenha por base alguma situação que inspire cuidados acrescidos e que a presença do Pai possa, de alguma forma, prejudicar os trabalhos. Se isto não se verificar, não vejo um motivo válido para que o Pai fique de fora.
Acredito que quem define estas regras ainda ache que o papel do Pai no momento do parto não é importante. Porquê?
O Pai faz parte de toda a história. Sim, eu também estive 9 meses grávido. Não carreguei, obviamente, o meu filho na barriga, mas acompanhei cada momento, cada instante, preparei-me para ser Pai, preparei-me para ser útil no momento do parto, preparei-me para estar ali, junto à Mãe no momento em que ela mais precisava.
Mas afinal porque é que o Pai tem de ali estar? Simplesmente para dar a mão, sentir o aperto, olhar nos olhos da Mãe e absorver parte da sua dor, mas acima de tudo para partilhar a felicidade.
Eu sei que hoje em dia, a presença do Pai é cada vez mais frequente. É uma conquista, mas ainda há caminho a percorrer, principalmente na situação das cesarianas.
O meu filho nasceu de cesariana. Eu assisti ao parto. A sala estava preparada para que o Pai estivesse ali bem perto da Mãe. A instrução que me deram foi para estar tranquilo, falar com a Mãe e ficar bem quieto no sítio que me atribuíram. Eu iria fazer parte da equipa, mas teria de ser quase invisível. Pareceu-me tudo feito em segurança, sem falhas. Não vi a menor hipótese de eu poder atrapalhar.
Isto aconteceu numa Casa de Saúde que é uma instituição privada, mas sei que as regras no setor público são bem diferentes. Regras estabelecidas há uns 30 anos quando não existiam as condições que existem hoje. Sei também que há vontade para mudar, para flexibilizar. Ainda não é frequente, mas já existem hospitais públicos a autorizar que o Pai assista à cesariana. Ótimo, é um sinal de evolução. É um sinal que o Pai está a conquistar o seu espaço.
Um texto d’O melhor Pai do Mundo.