Farmacêutica Cátia Rocha
Farmacêutica Cátia Rocha
07 Dez, 2017 - 12:00

Tratamento da conjuntivite de acordo com a causa

Farmacêutica Cátia Rocha

O tratamento da conjuntivite varia de acordo com a causa da conjuntivite, seja ela bacteriana, viral ou alérgica.

Tratamento da conjuntivite de acordo com a causa

Os medicamentos utilizados no tratamento da conjuntivite para administração tópica estão disponíveis sob a forma de colírios, géis ou pomadas oftálmicas para aplicação nos olhos.

O tempo de contacto entre o fármaco e a córnea depende em grande parte da formulação farmacêutica, sendo mais prolongado para os geles e pomadas, dispensando assim uma administração tão frequente como a dos colírios (gotas).

Nas prescrições habituais, os colírios com antibióticos devem ser instilados com frequência inicial de 1 em 1 hora ou de 2 em 2 horas (a chamada “dose de carga”) reduzindo-se a frequência conforme a evolução da resposta à infecção.

O tratamento da conjuntivite deve ser prolongado 48 horas após desaparecimento dos sintomas, realizando-se habitualmente por períodos de 7 dias a 2 semanas (salvo situações particulares).

Os géis ou pomadas oftálmicas devem ser aplicados de manhã e à noite ou apenas à noite (quando associados a colírios aplicados durante o dia) ou 3 a 4 vezes por dia.

TRATAMENTO DA CONJUNTIVITE BACTERIANA

tratamento da conjuntivite e antibioterapia

A antibioterapia no tratamento da conjuntivite tem hoje um papel bem definido, devendo ser reservada para as conjuntivites purulentas em que se suspeite de etiologia bacteriana.

Alguns autores sugerem mesmo não ser necessária antibioterapia nas conjuntivites purulentas em crianças saudáveis, dada a natureza autolimitada da doença e o seu prognóstico favorável.

Torna-se essencial a necessidade de distinguir a conjuntivite bacteriana das restantes formas de inflamação conjuntival e, para tal existem 4 fatores clínicos independentes que traduzem uma baixa probabilidade de conjuntivite bacteriana:

  • Idade igual ou superior a 6 anos;
  • Apresentação entre Abril e Novembro;
  • Secreção aquosa ou ausência de secreção;
  • Ausência de “olho colado” de manhã.

Se estes fatores estiverem presentes, em principio estará excluída a possibilidade de conjuntivite bacteriana e, sendo assim, a utilização de um tratamento da conjuntivite recorrendo a antibióticos tópicos, sob a forma de gotas ou pomadas oculares está contra-indicada.

TRATAMENTO DA CONJUNTIVITE GONOCÓCICA

conjuntivite gonococia e antibioticos orais

A conjuntivite gonocócica é particularmente grave, sendo geralmente resultado do contacto sexual com uma pessoa com uma infeção genital.

O tratamento da conjuntivite deste tipo necessita primariamente de antibioterapia sistémica (por via oral), podendo associar-se terapêutica tópica nos casos de envolvimento da córnea (parte anterior transparente e protetora do olho).

TRATAMENTO DA CONJUNTIVITE NOS BEBÉS

conjuntivite nos bebes e colheita de amostra

A conjuntivite neonatal (ophthalmia neonatorum) constitui uma situação particular, associada geralmente a transmissão vertical (da mãe infetada para o bebé no momento do nascimento) e etiologia bacteriana, sendo alvo de tratamentos específicos, dado o prognóstico potencialmente grave quando associado à ausência de tratamento.

Nas conjuntivites infantis e nas formas crónicas ou com má resposta à terapêutica é aconselhável a realização de colheitas para estudo microbiológico e assim identificar o microrganismo que poderá estar a causar a conjuntivite.

TRATAMENTO DA CONJUNTIVITE VIRAL

conjuntivite viral e farmaco antiviral

As conjuntivites víricas causadas por adenovírus (febre faringoconjuntival e queratoconjuntivite epidémica) são muito frequentes e em geral autolimitadas, não se justificando em regra a utilização de antivíricos.

Recentemente foi sugerida a utilização de ganciclovir tópico (fármaco antiviral) com elevada frequência (8 vezes por dia) para reduzir a replicação vírica e encurtar a duração da doença.

As conjuntivites por vírus da família Herpes são relativamente frequentes, podendo ser tratadas com recurso a antivíricos tópicos como o aciclovir, sobretudo em casos de envolvimento da córnea.

TRATAMENTO DA CONJUNTIVITE ALÉRGICA

conjuntivite alergica e anti hismanico oral

A conjuntivite alérgica é causada por alergénios como o pólen e os ácaros, provocando uma reação do organismo contra uma ameaça, o que desencadeia a libertação de histamina.

Assim, este tipo de conjuntivite é o resultado de uma reação alérgica, beneficiando de um anti-histamínico oral para reduzir ou bloquear a liberação de histamina. A utilização de um colírio (gotas oculares) com anti-inflamatório poderá ser também benéfica no alívio dos sintomas e a aplicação de colírios com ação calmante e hidratante é sempre importante para diminuir a irritação ocular.

EM SUMA

Todos os tipos de conjuntivite, beneficiam ainda da utilização de compressas frescas para alívio sintomático, para tal podem ser utilizadas compressas esterilizadas ou compressas pré impregnadas sem conservantes especialmente concebidas para a limpeza ocular.

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