Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
26 Nov, 2019 - 11:00

8 milhões de mortes por ano associadas ao tabaco: conheça as conclusões da DGS

Mónica Carvalho

As mortes relacionadas com o tabaco e a evolução no consumo são alguns dos dados que constam no relatório da DGS. Saiba tudo.

8 milhões de mortes por ano associadas ao tabaco: conheça as conclusões da DGS

O Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo (PNPCT) foi criado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), com o objetivo de reduzir o consumo de tabaco na população e travar o aumento do consumo entre as mulheres.

O tabaco é, atualmente, um dos maiores problemas globais de saúde pública, apesar dos esforços e das medidas de prevenção e controlo existentes. De tal forma que, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) morrem por ano mais de 8 milhões de pessoas por doenças associadas ao tabaco.

Em 2017, e de acordo com estimativas elaboradas pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), em Portugal, morreram mais de 13.000 pessoas por doenças diretamente relacionadas com o consumo de tabaco, das quais 10.588 homens e 2.515 mulheres, correspondem a 18,6% e 4,4%, respetivamente, do total de óbitos no país.

Além dos efeitos nefastos na saúde, o tabaco contribui para a pobreza, as desigualdades sociais e a poluição do meio ambiente.
Conheça as principais conclusões deste estudo.

Relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo: as principais conclusões

consumo de tabaco mulher parte cigarro

Tabaco e cancro

O cancro é a causa de morte em Portugal, especialmente os tumores malignos da laringe, traqueia, brônquios e pulmão (Instituto Nacional de Estatística IP, 2019).

E não precisa de ser um consumidor regular para estar em risco. Mesmo os casos de consumo de menos de 10 cigarros por dia são considerados cidadãos em risco dos tipos de cancro associados ao tabaco, bem como o cancro da bexiga e pâncreas.

Segundo estimativas do IHME, o tabaco contribuiu para cerca de 20% das mortes por cancro observadas em pessoas com idades entre os 15 e os 49 anos e para cerca de 33% no grupo dos 50 aos 69 anos.

Tabaco e doenças cérebro-cardiovasculares

As doenças do aparelho circulatório continuam a ser a principal causa de morte em Portugal. Em 2017 estas doenças contribuíram para 29,4% do total de óbitos registados nesse ano (Instituto Nacional de Estatística IP, 2019). O tabaco é, por sua vez, um elevado fator de risco evitável deste tipo de doenças.

De acordo com o IHME, em 2017, em Portugal, o tabaco contribuiu para a morte de 3.225 pessoas por doenças cérebro-cardiovasculares, 2.462 homens e 763 mulheres, o que representou 8,7% do total de óbitos por esta causa registados naquele ano. A instituição apura ainda que “o tabaco contribuiu para cerca de quatro em cada dez óbitos por enfarte do miocárdio e por AVC no grupo etário dos 15 aos 49 anos e para cerca de três em cada dez, no grupo dos 50 aos 69 anos.”

Tabaco e doenças respiratórias

No ano de 2017, as mortes devidas a doenças do aparelho respiratório, como pneumonia, representaram 11,7% do total de óbitos registados.

A ligação com o tabaco deve-se ao facto de o fumo do tabaco ser composto por gases e partículas que, além do potencial carcinogénico, pode ter um efeito tóxico ou irritante para as vias aéreas.

Tanto o ato de fumar, como a exposição ao fumo do tabaco, podem provocar cancro da traqueia, brônquios e pulmão, “agravam a sintomatologia da asma e dificultam o tratamento desta doença e contribuem para a doença pulmonar obstrutiva crónica”.

Tabaco e diabetes tipo 2

Em 2017, a diabetes tipo 2 contribuiu com 3,8% do total de óbitos ocorridos, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística IP, 2019. O aparecimento desta doença pode ser aumentado devido ao consumo tabágico. Além disso, quem padece da doença pode ser o seu controlo dificultado e ver aumentado o risco de aparecimento de complicações.

Nesse ano, “o tabaco contribuiu para a morte de 334 pessoas por esta doença (201 homens e 133 mulheres), o que representou 9,8% do total de óbitos por esta causa registados”

Consumo de tabaco nos jovens

consumo de tabaco homem com cigarro eletronico

O relatório da DGS aborda ainda o consumo de tabaco nos jovens. Em 2015, 39% dos alunos dos 13 aos 18 anos, do ensino público, admitiu já ter fumado pelo menos uma vez na vida.

Relativamente ao consumo no último ano, 29% dos alunos admite ter fumado cigarros, 18% tabaco de enrolar e 13% cigarros eletrónicos.
Ainda assim, a experimentação de tabaco registou uma ligeira tendência decrescente entre 2003 e 2015.

Roteiro de Ação | 2019 – 2020

O PNPCT foi criado em 2012, tendo como linhas orientadoras de ação a prevenção da iniciação de consumo, a promoção da cessação tabágica, a proteção da exposição ao fumo ambiental, a promoção da literacia, a monitorização, formação e investigação.

Em novembro de 2017, estas orientações foram atualizadas. Assim o PNPCT tem como principais metas até 2020:

  • Reduzir a prevalência do consumo do tabaco em jovens até 15 anos, para menos de 17%;
  • Reduzir o aumento do consumo de tabaco nas mulheres;
  • Eliminar a exposição ao fumo ambiental;
  • Reduzir as desigualdades regionais na prevalência de fumadores, na população com idade igual ou inferior a 15 anos.

Veja também:

Fontes

1. Direção-Geral de Saúde. Disponível em: https://www.dgs.pt/?ci=1405&ur=1&newsletter=451

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