Nutricionista Rita Lima
Nutricionista Rita Lima
04 Jan, 2019 - 18:50

Homeopatia: uma terapia alternativa a considerar?

Nutricionista Rita Lima

A homeopatia foi criada por um médico que não se identificava com a medicina tradicional. No entanto, não há evidência científica sobre a sua eficácia.

Homeopatia: uma terapia alternativa a considerar?

homeopatia é uma terapia alternativa que surgiu (oficialmente) em 1796, quando o Dr. Samuel Hahnemann, descontente com os resultados da medicina tradicional da época, decidiu criar uma alternativa na área da saúde.

A palavra homeopatia tem origem no grego em homoispathos. Homóis significa semelhante e pathos significa doença.

Atualmente, a homeopatia é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como sendo uma medicina alternativa e complementar, embora a sua eficácia no tratamento de diversas patologias careça ainda de evidência científica relevante que a sustente.

Mas antes de avançarmos para a evidência científica sobre esta terapia, é importante conhecer as leis e princípios que a regem.

Homeopatia: leis e princípios

homeopatia folhas no almofariz

A homeopatia considera que uma pessoa não tem uma doença isolada, mas sim um desequilíbrio no organismo que se vai manifestando ao longo da vida de diversas formas.

Esta terapia tem por base três grandes leis / princípios, cujo principal é a Lei dos Semelhantes, citada por Hipócrates no ano 450 a.C.

1. Lei dos Semelhantes

Segundo esta lei, certas substâncias que, administradas em grandes doses, provocam sintomas de doença numa pessoa saudável, podem curar esses mesmos sintomas numa pessoa doente, quando administradas em doses muito pequenas (não tóxicas).

Ou seja, o medicamento é administrado ao doente em doses mínimas, de forma a evitar que este fique intoxicado, mas é administrado em quantidade suficiente para estimular uma reação do organismo, que os homeopatas defendem que reequilibra a energia vital do mesmo.

Por oposição, na perspetiva tradicional a que estamos habituados e que está comprovada cientificamente, a doença origina-se mecanicamente no corpo, como resultado dos efeitos de um agente infeccioso, por exemplo. Deste modo, o tratamento é baseado em eliminar ou neutralizar a causa.

2. Diluição dos compostos para doses mínimas

O segundo princípio é que os medicamentos homeopáticos possuem doses mínimas do composto ativo.

Estas doses mínimas são alcançadas por diluição e agitação sucessivas de substâncias medicinais. Nesta diluição mistura-se uma pequena quantidade de uma substância específica com água e/ou álcool e agita-se repetidamente.

Supostamente, com esta técnica de diluição, a substância perde gradualmente a sua toxicidade, despertando / potenciando o seu efeito terapêutico específico através da memória da água. Nesta teoria, a água utilizada na diluição ficaria com memória das substâncias que lá estiveram presentes, exercendo o seu efeito benéfico através delas.

No entanto, a lógica deste princípio não é muito sólida, nem existe reprodutibilidade dos resultados, algo que é fundamental em ciência para se comprar a evidência.

3. Utilização de uma substância de cada vez

O último princípio da homeopatia dita que se utilize uma substância de cada vez, pois só assim será possível ver os seus efeitos e avaliar a sua eficácia.

Após a primeira prescrição é que se pode fazer um prognóstico, ver se é necessário repetir a dose, modificar o medicamento ou aguardar a evolução.

No entanto, mais recentemente, este princípio foi ultrapassado e a homeopatia já considera que podem ser administrados dois ou mais compostos homeopáticos simultaneamente ou direcionados a um órgão em específico.

Homeopatia: evidência científica atual

homeopatia capsulas e comprimidos

Relativamente à evidência científica atual sobre a homeopatia, existem diversas entidades internacionais de referência, que não encontram resultados favoráveis e consistentes nesta terapia.

Com efeito, não há evidência fidedigna dos efeitos da homeopatia no tratamento da maioria das doenças, não devendo mesmo ser utilizada no tratamento de doenças crónicas, graves ou potencialmente graves.

Além disso, à luz do conhecimento atual, quem rejeita tratamentos para os quais existe evidência de segurança e efetividade para optar pela homeopatia, estará a comprometer seriamente a sua saúde.

Por último, quem pretende utilizar homeopatia, deve informar o médico sobre o tratamento homeopático que está a fazer e manter as prescrições convencionais.

Em suma…

Apesar de, para os homeopatas, a homeopatia ser uma terapia alternativa indicada para alguns problemas gastrointestinais, dermatológicos, ginecológicos, respiratórios, depressão e perda de peso, a verdade é que não existe evidência científica consensual e consistente que apoie a utilização da homeopatia no tratamento destas doenças.

Por outro lado, a crítica mais recorrente dos homeopatas em relação à medicina convencional é, o fato de os medicamentos tradicionais poderem promover diversos efeitos colaterais. No entanto, atualmente, os tratamentos disponíveis evoluíram, não apresentando os mesmos problemas nem efeitos colaterais como quando a homeopatia foi iniciada.

Além disso, dados recentes demonstram que médicos que prescrevem medicamentos homeopáticos prescrevem um maior número de medicamentos, medicamentos mais caros e de baixo valor para o doente, um indicativo de que estes médicos poderão ter limitações no que diz respeito à medicina baseada na evidência.

Assim sendo, não existe evidência científica que suporte a eficácia dos medicamentos homeopáticos nem consensos internacionais, e o sucesso que lhes é atribuído, na maioria dos casos, deve-se ao efeito placebo (trata-se de um fármaco, terapia ou procedimento inerte, que apresenta, no entanto, efeitos terapêuticos devido aos efeitos psicológicos da crença do doente de que está a ser tratado), ou seja, não se aplicam nem na prevenção, nem no tratamento de doenças.

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