Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
21 Out, 2016 - 10:44

Aleitamento materno: bom para a saúde e para a carteira

Mónica Carvalho

Alimentar os bebés pré-termo exclusivamente com aleitamento materno pode supor uma poupança estimada de mais de 8 milhões de euros anuais ao Sistema Nacional de Saúde.

Aleitamento materno: bom para a saúde e para a carteira

O regime de aleitamento materno em exclusivo permitirá uma poupança estimada de mais de 1.039,60 euros por bebé, de acordo com estudo da empresa suíça Medela.

O estudo em causa analisa poupança de custos derivada dos benefícios para a saúde do bebé ao reduzir a incidência de determinadas doenças, bem como o impacto com custos hospitalares e de tratamento.

Esta conclusão foi apresentada pela Medela, empresa suíça com mais de 50 anos de experiência em tudo o que está relacionado com o aleitamento materno e que distribui os seus produtos em mais de 100 países, no âmbito do estudo “The Health Economic Value of Feeding Human Milk to Preterm Infant”, apresentado no início do mês de outubro de 2016. 

Portugal é um dos países com maior taxa de nascimentos prematuros da Europa: uma em cada cerca de 13 crianças nascidas no nosso país são bebés pré-termo, pelo que a poupança de custos estimada, tendo por base as conclusões do estudo, ascenderia a 8,04 milhões de euros anuais. 


9 benefícios do aleitamento materno

Além dos benefícios a nível nutritivo e imunológico, reconhecem-se outras vantagens no aleitamento materno não só para o bebé, mas também para a mãe.

Veja os nove motivos que vão fazê-la optar por esta prática, sempre que possível:

  1. Favorece o desenvolvimento da função respiratória, mastigação, fala e estruturas dentárias;
  2. Promove o contacto com diversos sabores, preparando o bebé para a introdução de novos alimentos na sua dieta;
  3. É mais facilmente digerido e melhora o funcionamento intestinal;
  4. Requer o contacto físico entre a mãe e o bebé, favorecendo o estabelecimento do vínculo afetivo entre ambos;
  5. O leite materno possui maiores quantidades de proteínas e imunoglobulinas que ajudam a proteger o bebé de infeções gastrointestinais, respiratórias e urinárias;
  6. Protege o bebé contra outras infeções, uma vez que a mãe transmite anticorpos através do seu leite;
  7. Favorece a recuperação da silhueta materna, um fator animador e de grande importância para a autoestima e bem-estar da mãe;
  8. A amamentação pode ajudar a reduzir as hemorragias pós-parto bem como o risco de desenvolver cancro da mama e dos ovários, osteoporose ou fraturas da anca;
  9. O leite materno está sempre disponível e à temperatura certa. 


Os benefícios económicos do aleitamento materno

beneficios economicos do aleitamento materno

O leite materno contém células-mãe, mais de 130 açúcares complexos, mais de 400 proteínas e é um fluído vivo que se adapta progressivamente às necessidades do bebé.

Há evidências científicas que demonstram que, pela composição do leite materno e a forma sinérgica como reagem os seus componentes, proporcionar em exclusivo este alimento aos bebés pré-termo reduz o risco de desenvolvimento de diferentes doenças, tanto as que se manifestam no período em que o bebé está internado na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN), como as que podem aparecer ao longo da sua vida.

O leite humano não beneficia apenas o bebé prematuro nos seus primeiros meses, mas tem um efeito que se prolonga ao longo da sua vida, com o conseguinte benefício e poupança económica.

As duas doenças com maior incidência nos bebés nascidos pré-termo internados na UCIN são a enterocolite necrosante e a sepsis, patologias que, pela sua virulência, requerem tratamento médico imediato, internamento prolongado no hospital e, eventualmente, cirurgia.

Além disso, são também as patologias mais relevantes para o hospital em termos de despesa.  Podendo-se evitar estas problemáticas, então, por que não?

No caso da enterocolite, que pode ocorrer em cerca de 2,6% dos bebés prematuros, o custo para o hospital é de quase 20 mil euros por cada bebé, somando-se mais quase 2 mil euros se for necessária a realização de cirurgia. 

Por sua vez, a sepsis, uma infeção generalizada, possui uma incidência de 16%, e tem um custo estimado de 4.200 euros, que poderiam ser significativamente reduzidos se o regime de aleitamento materno fosse a opção eleita.

Aleitamento materno – da educação à prática

Este estudo da suíça Medela apresenta ainda uma série de medidas para potenciar a prática do aleitamento materno junto da sociedade, nomeadamente:

  • Proporcionar apoio adequado quanto ao aleitamento materno às mães de crianças pré-termo, com acesso a equipamentos e espaços adaptados; 
  • Educar as famílias de crianças prematuras quanto aos benefícios do aleitamento materno;
  • Promover a alimentação com leite humano devido aos benefícios que aporta para a saúde;
  • Criar grupos de apoio para pais;
  • Proporcionar diagnósticos interdisciplinares e guias de aleitamento materno às mães;
  • Promover licenças de maternidade de duração suficiente para as mães de crianças pré-termo possam amamentar;
  • Criar e implementar uma legislação, a nível nacional, para abrir e financiar os bancos de leite com o objetivo de assegurar a alimentação exclusiva com leite materno; 
  • Promover e valorizar o donativo de leite materno aos bancos de leite. 


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