Camila Farinhas
Camila Farinhas
24 Ago, 2020 - 10:50

Parto eutócico e parto distócico: o que são e quais as principais diferenças?

Camila Farinhas

Existem dois tipos de parto: o parto eutócico e parto distócico. Se estes nomes não lhe são familiares, fique a saber tudo neste artigo.

parto eutócico e parto distócico

Quando a mulher entra em trabalho de parto, podem ocorrer duas situações: ou este se desenvolve de forma natural, ou é necessário a intervenção dos profissionais de saúde. Aqui, explicamos-lhe em que consiste o parto eutócico e parto distócico, quais as principais diferenças, vantagens e como prevenir um possível parto difícil.

Parto eutócico: em que consiste?

bebé no peito da mãe

Embora o nome possa parecer estranho, o parto eutócico é habitualmente chamado de parto normal. Aqui, a mulher entra em trabalho de parto e o seu corpo inicia e termina o processo de nascimento do bebé sem que exista a necessidade de intervenção dos profissionais de saúde. É, por isso, um parto não instrumentalizado.

Quais as principais vantagens do parto eutócico?

Tanto para a mãe como para o bebé, este tipo de parto traz vantagens e por isso é indicado pelos obstetras como parto preferível. As principais vantagens são:

Para a mãe

  • O corpo da mulher está preparado para ter um parto natural
  • Menor tempo de internamento: para o parto normal o tempo de internamento é cerca de 2 dias ao passo que no caso de uma cesariana são 3 dias
  • Nas primeiras horas após o parto, os sinais vitais da mãe regularizam e o útero começa a regressar ao seu tamanho normal (involução uterina)
  • A recuperação pós-parto é mais rápida, o que proporciona à mãe uma maior sensação de bem-estar. Acelera a recuperação física, melhora o funcionamento intestinal e diminui o risco de tromboembolismo
  • Favorece a produção e subida de leite através do estímulo da produção de ocitocina. O vínculo afectivo com o recém-nascido é também reforçado
  • risco de infeção é menor, comparativamente ao que acontece num parto instrumentalizado ou numa cesariana
Para o bebé

  • Primeiras defesas naturais: ao passar pelo canal de parto (percurso desde o útero até ao exterior), o bebé recebe as primeiras defesas através das bactérias maternas. Os bebés que nascem por via vaginal e que são amamentados no primeiro ano de vida, apresentam uma flora intestinal mais rica em “boas bactérias”. Isto ajuda a diminuir as cólicas do bebé e a prevenir a diarreia
  • Vinculo afetivo: Após a saída do bebé, este é colocado despido em contato com a mãe sobre o peito. O contato pele com pele é recomendado pela Organização Mundial de Saúde pois, é um processo fundamental no desenrolar de vários processos fisiológicos (subida de leite, estímulo da ocitocina, manter o bebé calmo) (1)
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Parto distócico: Em que consiste?

mão de mãe e recém-nascido

O parto distócico é o parto com necessidade de intervenção por parte dos profissionais de saúde, ou seja é um parto instrumentalizado.

Quais as causas do parto distócico?

Quando o parto decorre de forma normal, as contrações ritmadas, a dilatação do colo de útero e a passagem do bebé através do canal de parto são feitas sem dificuldade. Por outro lado, no parto distócico, é provável que exista alguma limitação no processo, o que origina a uma intervenção médica para preservar a saúde da mãe e do bebé.

Quais as distocias que interferem no trabalho de parto?

Diferentes distocias podem inteferir no decorrer do trabalho de parto, nomeadamente:

Distocias maternas

  • Distocias mecânicas: podem ser ósseas ou das partes moles. As ósseas afetam a posição dos ossos da pélvis, o que dificulta a saída da cabeça do bebé. É diagnosticada quando a mulher está em fase de dilatação durante o trabalho de parto. Aqui, o obstetra decide como irá decorrer o restante parto; As distocias das partes moles encontram-se no útero ou restante canal de parto “mole”
  • Anomalias na capacidade contrátil do útero: podem originar alterações nas frequências ou intensidade das contrações. Estas podem ser hiperdinamicas (contrações fortes e muito frequentes), hipodinamicas (contrações fracas ou pouco frequentes) ou ainda descoordenações uterinas (contrações não ritmadas)
Distocias fetais

  • Apresentação fetal em situação transversal ou oblíqua: quando o feto se apresenta nestas posições, há a necessidade de prosseguir para uma cesariana
  • Apresentação fetal podálica (o bebé encontra-se de nádegas para o canal de parto): aqui, é provável que o parto seja por cesariana. No entanto, pode ocorrer um parto vaginal caso não exista perigo para a mãe e para o bebé, e se reúnam as condições necessárias para o efeito
Distocias dos anexos fetais

  • Provenientes da placenta, cordão umbilical ou líquido amniótico

Como posso prevenir o parto distócico?

Algumas estratégias podem ser adotadas para evitar um parto instrumentalizado:

  • Naturalmente, as dores do trabalho de parto podem durar horas e são muito desconfortáveis. No entanto, caso verifique alguma alteração no ritmo ou frequências das contrações, é muito importante que informe de imediato a equipa de profissionais de saúde que a acompanham
  • O apoio do pai ou pessoa significativa é fundamental. Manter a calma, confiança e tranquilidade traduz-se num parto com menos complicações
  • Manter-se ativa durante o trabalho de parto: caminhar e mudar de posição aliviam não só a dor como ajudam o feto a posicionar-se para a passagem no canal de parto

Fontes

  1. Organização Mundial de Saúde (2020). Ten steps to successful breastfeeding. Disponível em: https://www.who.int/activities/promoting-baby-friendly-hospitals/ten-steps-to-successful-breastfeeding
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