Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
23 Dez, 2020 - 17:48

Ordem dos Psicólogos mostra o que fazer para um Natal em segurança

Mónica Carvalho

Tempo de alegria e de família, mas este ano deverá ser diferente, devido à pandemia. A Ordem dos Psicólogos explica como poderá melhorar o seu Natal.

Decorações de Natal e máscara de proteção

Ainda que as limitações impostas aos portugueses tenham sido atenuadas durante a época natalícia, muitos não poderão estar com quem mais amam. Nesse sentido, a Ordem dos Psicólogos (OP) criou um guia para mostrar como poderá ser um Natal em família e com toda a segurança a que a pandemia obriga.

Não será um “Natal normal” e, por isso, sentimentos de stress e de solidão podem acentuar-se. Como tal, há que encontrar um bom equilíbrio entre o que podemos e o que queremos fazer.

Um Natal diferente e difícil de aceitar

Família a falar com amigos por videoconferência no Natal

Já imaginávamos que seria assim, desde que a pandemia tomou o mundo de assalto, apanhando toda a gente desprevenida. Por isso, é possível que se sinta triste, desiludido, frustrado ou até mesmo zangado.

Como se 2020 já não esteja a ser suficientemente desafiante e exigente a vários níveis, ter de pensar no Natal longe da família, principalmente dos mais idosos pode ser bastante custoso.

Os planos, rituais e tradições têm de ser reajustados, mesmo que nem todos o entendam assim. Há que pensar nas medidas de proteção e nas melhores opções para passar o Natal. E isso pode mesmo implicar alguma capacidade de negociação, de modo a chegar a um consenso sobre o que fazer e como fazer.

A OP indica ainda que é normal que se sinta preocupado com o seu emprego e segurança financeira, quando tantos negócios foram afetados pela pandemia; ou até mesmo com a saúde, por receio do que possa acontecer, especialmente se perdeu alguém para esta doença.

Viver um processo de luto pode tornar o Natal ainda mais difícil. Poderá achar que estes são motivos suficientes para não querer fazer ajustes e continuar a celebrar como sempre. Assim, é natural que crie resistência às recomendações de distanciamento social, ao uso de máscara, a evitar grandes grupos. Todavia, nunca se deve esquecer que essas alterações são necessárias face à circunstância extraordinária que vivemos.

O que pode, então, fazer?

Ciente destes desafios e sentimentos desconcertantes, a OP deixa algumas dicas que podem ajudar.

1

Aceitar a realidade

É um ano absolutamente atípico, mas há mesmo que aceitar que este Natal vai ser diferente, e que deve haver adaptações. Só assim será possível aproveitar melhor esta época.

2

Ponderar e negociar o risco

Não há fórmulas milagrosas: faça isto e nada acontece. Como tal, devem ser tidas em conta as circunstâncias individuais, como condições de saúde, responsabilidades enquanto cuidadores, riscos ocupacionais, entre outras dos membros de cada família.

3

Fazer um plano geral

Isto ajudará a que se sinta mais preparado. Todavia, deverá também ter a noção de que os planos poderão ser alterados repentinamente. Por isso, preveja diversos cenários e formas alternativas de celebrar e de reajustar alguns rituais tradicionais do Natal.

4

Falar e partilhar preocupações

Não devemos assumir que todos irão adotar os mesmos comportamentos, logo é importante partilhar preocupações e falar sobre como vai ser o Natal e formas alternativas de o celebrar. Chegar a um consenso que deixe todos minimamente confortáveis é fundamental para se sentir seguro e satisfeito.

Assim, quando falar com outras pessoas sobre o Natal, é importante que se concentre na preocupação que sente por essa pessoa, reforçando a ideia de que gostaria que tudo fosse normal.

Se nem todos estiverem de acordo e não tiverem a mesma perceção de risco, não julgue e aceite a opinião, de modo a evitar conflitos, garantindo que todos se sentem escutados e compreendidos.

5

Focar no que pode fazer

Há sempre tradições que pode manter, sem que isso altere o significado que o Natal tem para si e para os que lhe são próximos. Mesmo distantes não significa que o Natal está cancelado, deve antes encontrar outras formas de honrar esse significado, adaptar as tradições ou até mesmo criar novas tradições, que farão com que fale delas nos anos vindouros.  

6

Pensar em formas de não deixar ninguém de fora

Nem sempre paramos para pensar se as pessoas que nos são próximas fisicamente e em termos de afinidade estão bem e para lhes perguntar isso mesmo. Por isso, ligue aos amigos e familiares, toque à campainha de um vizinho e mostre-se interessado no bem-estar dessa pessoa.

7

Agradecer pelas coisas boas que tem

Ainda que 2020 esteja a ser uma espécie de filme de ficção científica para o qual não fizemos casting, o certo é que também nos trouxe verdadeiras lições de humildade, humanismo e solidariedade. E estas são lições para guardar e manter todos os dias.

Que tenha servido para nos mostrar quantas coisas boas e positivas temos e o quão importantes nos são as pessoas que amamos. Assim, mesmo à distância, empatia e apoio são presentes que dinheiro nenhum no mundo pode comprar.

8

Cuidar da sua Saúde Psicológica e bem-estar

Ainda que compreenda que tudo será diferente e há sacrifícios a fazer, não significa que esteja sempre bem, de sorriso no rosto. Todos temos momentos de maior fragilidade e é importante que nos permitamos sentir diferentes sentimentos.

Além disso, é também importante dizer “não” e impor limites (mesmo à sua família) ;equilibrar o desejo de cuidar do bem-estar e das necessidades dos outros com a necessidade de cuidar também do seu próprio bem-estar e necessidades; reservar tempo para realizar atividades calmas e relaxantes para si; manter, dentro do possível, as rotinas de sono e alimentação.

E sempre que precisar, peça ajuda.

Feliz Natal!

Fontes

  1. Ordem dos Psicólogos: “Como vamos fazer (n)o Natal?”. Disponível em: https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/doc_covid_19_comovamosfazernonatal.pdf
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