Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
23 Dez, 2016 - 15:40

Terapia da Fala: sabe quando deve procurar ajuda?

Mónica Carvalho

Mais procurada para ajudar a população infantil, a Terapia da Fala pode ser fundamental para uma comunicação eficaz. Saiba quais são os sinais de alerta.

Terapia da Fala: sabe quando deve procurar ajuda?

A Terapia da Fala é a área da saúde responsável pela prevenção, avaliação, diagnóstico, tratamento e estudo científico da comunicação humana e problemas relacionados.

Desta forma, tratam-se de todos os processos associados à compreensão e produção da linguagem oral e escrita, assim como formas de comunicação não-verbal e que dizem respeito a todos os indivíduos, independentemente da idade. 

Esta área de intervenção desenvolve um conjunto de atividades e procedimentos terapêuticos no âmbito da prevenção, pelo que é importante estar atento aos sinais e sintomas, no caso das crianças, mas também nos adultos, em que uma intervenção atempada se revela mais eficaz na reabilitação.

Terapia da fala: áreas de intervenção

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1. Comunicação

Doenças degenerativas do Sistema Nervoso Central, autismo e alguns síndromes podem condicionar a comunicação da criança/adulto, impossibilitando o uso da fala e/ou linguagem escrita para comunicar. 

 


2. Linguagem oral

A linguagem é considerada a forma de comunicação por excelência e exclusiva do ser humano, permitindo a troca de ideias, a expressão de sentimentos, a interação e a aprendizagem.

As alterações da linguagem oral podem ocorrer durante o desenvolvimento da criança ou após acidentes neurológicos, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC), Traumatismos Crânio-encefálicos (TCE) entre outros.

O profissional de Terapia da Fala intervém na aquisição ou reabilitação da linguagem oral.

 


3. Linguagem escrita

A linguagem escrita, ao contrário da linguagem oral, pressupõe uma aprendizagem explícita dos grafemas que convertem a linguagem oral em linguagem escrita. 

 


4. Articulação verbal

Consiste na produção oral dos fonemas, dos sons. Para uma articulação correta é necessário que as estruturas e os músculos orofaciais estejam sadios. 


 


5. Fluência

A fluência consiste na capacidade de encadear os sons da fala de forma contínua, possibilitando assim um discurso fluente, com ritmo e pausas adequadas.

 


6. Voz

A voz é um mecanismo fisiológico que permite a emissão de som durante a fala. Alteração na qualidade vocal pode indicar alterações ao nível da estrutura ou do movimento das cordas vocais, que pode ter origem orgânica (nódulos, pólipos) ou funcional (mau uso ou abuso vocal).

 


7. Deglutição

Por questões neurológicas ou mecânicas podem ocorrer dificuldades no processo de deglutição, comprometendo assim uma nutrição e hidratação segura. 

 


8. Motricidade orofacial

Relaciona-se com o desenvolvimento, aperfeiçoamento e reabilitação dos órgãos fonoarticulatórios e região cervical, bem como das respectivas funções estomatológicas, como a sucção, a mastigação, a respiração e a fala.


Terapia da fala: quando procurar?

Existem naturalmente diferenças no desenvolvimento entre crianças da mesma idade, assim como, algumas dificuldades na fala que também não representam necessariamente um problema.

Seja por aconselhamento, despiste de perturbações associadas e respetivos encaminhamentos de outras especialidades médicas, os pais deverão procurar a consulta de Terapia da Fala quando existe suspeita de que a criança poderá ter algum tipo de dificuldade, nomeadamente: 


1. Linguagem:

  • A criança tem 2 anos e ainda não fala? Ou diz apenas poucas palavras?
  • Parece não perceber o que as pessoas lhe estão a dizer?
  • Não responde ou responde inadequadamente ao que lhe é dito ou pedido?
  • É distraída, prestando pouco atenção àquilo que a rodeia?
  • A sua forma de comunicação resume-se a gestos?
 


2. Voz:

  • A criança tem uma voz rouca? Tem de se esforçar para falar?
  • Utiliza os gritos como forma de comunicação habitual?
  • A criança queixa-se de dores de garganta (que no fundo pode ser a garganta seca e áspera)?
  • Já foi “gozada” (pelos irmãos ou na escola) pela maneira como fala?
 


3. Articulação:

  • A criança pronuncia todos os sons e letras corretamente ou tem por hábito trocá-las?
  • A criança fala muito depressa ou atrapalha-se frequentemente quando está a conversar?
  • A criança fala pelo nariz?
  • Utilizou a chupeta até muito tarde? Ainda não a largou?
 


4. Gaguez:

  • A criança tem mais de 4 anos e já evidencia sinais claros de gaguez?
  • Quando fala, bloqueia ou repete muitas vezes as mesmas palavras?
  • A criança isola-se muito?
  • Considera que a criança tem medo ou vergonha de falar?
 


5. Mastigar e engolir:

  • A criança mastiga os alimentos de boca aberta?
  • Tem dificuldade em mastigar ou não consegue mastigar?
  • É frequente a criança babar ou engasgar-se com alimentos sólidos? E líquidos?
 


6. Ler e escrever:

  • A criança troca sons ou letras quando está a ler ou a escrever?
  • Não gosta de ler? Demora muito tempo a fazê-lo?
  • Não gosta de escrever?
  • A criança comete muitos erros quando lê ou escreve?


Terapia da fala: como funciona o tratamento?

terapia da fala como funciona

Antes de iniciar qualquer tratamento, a criança será submetida a uma consulta de avaliação, recorrendo a testes percetivos e/ou instrumentais e realizada em colaboração com os pais, que a podem complementar com dados importantes, referentes ao quotidiano e aos hábitos da criança. 

O tratamento em si – frequência e método – é determinado com base no quadro clínico apresentado pela criança.

As sessões, que podem ser semanais ou bissemanais, são normalmente individuais, onde o terapeuta da fala e a criança interagem num ambiente lúdico e didático. 

As terapias mais frequentes incluem: 

  • Jogos (práticos ou computorizados) com objetos, figuras ou animais – para a criança identificar verbalmente, sendo esta uma excelente forma de perceber quais os sons e letras que mais dificultam a sua comunicação; 
  • Um espelho, para a criança familiarizar-se com as posições e movimentos corretos dos lábios e da língua.


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