Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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24 Out, 2019 - 11:00

6 problemas de saúde de raças de cães de grande porte

Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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Existem problemas de saúde de raças de cães de grande porte devido às várias características partilhadas entre si, para além do peso e do tamanho. Saiba quais as patologias mais frequentes.

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Os cães grandes partilham entre si determinadas caraterísticas físicas que os podem predispor a sofrer de algumas patologias, devido ao seu tamanho, peso e metabolismo. Assim, considerando a sua fisionomia é possível listar alguns problemas de saúde de raças de cães de grande porte.

Problemas de saúde de raças de cães de grande porte

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Esteja atento aos sinais e fique a saber que a Vetecare dispõe de um plano de saúde animal que pode ajudá-lo a poupar com possíveis gastos extra com o seu cão de grande porte. A sua vasta rede de profissionais disponibiliza-se a dar suporte e cuidados a qualquer um dos problemas que se seguem:

1. Displasia da anca

A displasia da anca é um dos problemas de saúde de raças de cães de grande porte, e é bastante frequente na prática clínica. Esta patologia carateriza-se por um desenvolvimento anormal da cabeça do fémur ou do acetábulo (superfície articular da bacia).

Este desenvolvimento anormal vai resultar num encaixe defeituoso da articulação coxo-femoral, causando desgaste articular e dor .

A displasia da anca tem várias causas, sendo que existe uma grande predisposição genética, em especial em raças de grande porte. Outros fatores como obesidade, atividade física em excesso, falta de certas vitaminas, má nutrição e um crescimento demasiado rápido.

O principal sinal desta doença é a claudicação, ou seja, mancar. É também muito frequente que cães com displasia da anca demonstrem dor na articulação afetada durante o movimento e manipulação (1).

Pode causar graves limitações na vida do animal devido à dor e desconforto, e também pode evoluir levando a consequências mais severas, provocando por exemplo osteoartrite, em que ocorre inflamação e destruição da articulação.

O diagnóstico é realizado através de radiografia e o tratamento depende da gravidade da displasia. Em alguns casos é possível realizar medicação sintomática, ou seja, aliviar os sintomas causados pela displasia, passando pela administração de anti-inflamatórios, analgésicos, alimentação adequada, condroprotetores (protetores articulares). Em casos mais severos é necessário recorrer a cirurgia.

As raças mais afetadas por esta doença são o Labrador e o Pastor Alemão, no entanto todas as raças de crescimento rápido podem desenvolver a patologia.

2. Displasia do cotovelo

Esta doença carateriza-se por um desenvolvimento anormal do cotovelo, afetando vários diferentes locais na articulação.

Este é também um dos problemas de saúde de raças de cães de grande porte mais comuns devido ao rápido crescimento e tem também uma componente genética. Pode também surgir devido a traumatismos, peso corporal excessivo, exercício físico, má alimentação.

Um cão com displasia do cotovelo apresenta grande dor na zona da articulação do cotovelo, claudicação, resistência à atividade física, ou seja, demonstra-se relutante em andar, correr ou passear, e os cães com esta doença demonstram um caminhar característico com rotação externa do cotovelo (2).

O diagnóstico é também através de radiografia e o tratamento numa fase inicial e leve da doença pode ser sintomático, mas em casos graves é necessário intervenção cirúrgica.

É uma doença que pode afetar todos os cães de raças de crescimento grande, mas em especial as raças mais afetadas são o Rotweiller, Chow chow, Pastor Alemão, Golden Retriever, Labrador.

3. Dilatação ou torção gástrica

Na torção gástrica em cães ocorre uma torção do estômago sob o seu eixo maio. Esta torção vai resultar numa fermentação e formação de gás no seu interior, impedindo que tanto o conteúdo como esse gás sejam libertados.

As causas deste problema ainda não estão bem entendidas, no entanto sabe-se que existem cães mais predispostos a desenvolver esta patologia, nomeadamente raças grandes de peito profundo como os Dogue Alemão, Pastor Alemão, Weimaraner, São Bernardo, Dobermann, Serra da Estrela.

Alguns fatores como aerofagia, exercício vigoroso após a alimentação e tipo de dieta também podem influenciar o desenvolvimento deste problema (3).

4. Cardiomiopatia dilatada canina

A cardiomiopatia dilata canina carateriza-se por uma insuficiência da contração do miocárdio, músculo do coração, sendo que portanto, o coração encontra-se permanentemente dilatado, por não conseguir contrair.

A causa da doença é desconhecida, no entanto existem uma componente genética, afetando predominantemente raças grandes e gigantes como Doberman, Irish Wolfhound, Grand Danois, Labrador, Terra Nova e Serra da Estrela.

O diagnóstico é realizado através de vários exames complementares como radiografias, electrocardiograma e ecocardiografia. O tratamento é sintomático, visa controlar os sintomas e melhor a qualidade de vida do animal (4).

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5. Síndrome de Wobbler

A síndrome de Wobbler é também conhecida por espondilomielopatia cervical caudal. Esta doença carateriza-se por alterações anatómicas e posicionais das vértebras cervicais, na zona do pescoço, o que leva a um estreitamento do canal vertebral e consequentemente a uma compressão da medula e raízes nervosas, causando alterações neurológicas.

Uma vez mais as causas desta doença não são conhecidas, mas existe uma componente genética, sendo que as raças grandes são as mais afetadas, nomeadamente os Doberman e o Dogue Alemão.

Os animais que sofrem desta síndrome podem apresentar descoordenação em andar, notada principalmente nos membros pélvicos. Pode existir ou não dor na região cervical, consoante o estádio da doença, que pode progredir até à paralisia dos 4 membros.

O tratamento da doença passa sempre por cirurgia, sendo que podem ser prescritos medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar os cães afetados uma fase inicial da doença (5).

6. Megaesófago

O megaesófago refere-se à dilatação e falta de motilidade do esófago, órgão do sistema digestivo que faz a ligação da boca ao estômago e por onde passa o alimento. É um dos problemas de saúde de raças de cães de grande porte, no entanto pode também surgir em raças de pequeno porte, com menor frequência.

O megaesófago pode ser secundário a outras patologias, no entanto também pode ser congénito, e nessa situação a origem é desconhecida.

O principal sinal desta condição é a regurgitação, ocorrendo devido a uma acumulação de alimento ou líquidos no esófago, que não progride devido à sua falta de motilidade.

Não existe nenhum tratamento curativo, no entanto é possível tomar algumas medidas para permitir que o animal se consiga alimentar e evitar uma pneumonia por aspiração. Caso se trate de um caso secundário a outra patologia é importante resolver a patologia primária.

Saiba mais sobre o plano de saúde animal da Vetecare

Fontes

1. MSD Veterinary Manual. “Hip Dysplasia in Small Animals”. Disponível em: https://www.msdvetmanual.com/musculoskeletal-system/arthropathies-and-related-disorders-in-small-animals/hip-dysplasia-in-small-animals?query=hip%20dysplasia%20hip
2. MSD Veterinary Manual. “Elbow Dysplasia in Small Animals”. Disponível em:
https://www.msdvetmanual.com/musculoskeletal-system/arthropathies-and-related-disorders-in-small-animals/elbow-dysplasia-in-small-animals
3. MSD Veterinary Manual. “Gastric Dilation and Volvulus in Small Animals”. Disponível em:
https://www.msdvetmanual.com/digestive-system/diseases-of-the-stomach-and-intestines-in-small-animals/gastric-dilation-and-volvulus-in-small-animals?query=gastric%20torsion
4. Lima, L; Pereira, R. “Cardiomiopatia dilatada canina”. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias. Disponível em:
http://www.fmv.ulisboa.pt/spcv/PDF/pdf12_2002/544_153_157.pdf
5. MSD Veterinary Manua. “Congenital and Inherited Spinal Cord Disorders”. Disponível em:
https://www.msdvetmanual.com/nervous-system/congenital-and-inherited-anomalies-of-the-nervous-system/congenital-and-inherited-spinal-cord-disorders
6. Souza, M.; Zilio, B.; Costa, J. “Megaesófago em cães”. Revista Científica eletrónica de Medicina Veterinária. Disponível em:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/wuD6kj8MAEjYqeH_2013-5-22-17-9-14.pdf

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