Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
31 Jan, 2017 - 17:54

Iatrogenia: saiba o que é e porque acontece

Mónica Carvalho

A iatrogenia está relacionada com a toma inadequada de medicação, de procedimentos médicos, entre outros, com maior prevalência dos idosos. Esteja atento.

Iatrogenia: saiba o que é e porque acontece

Condições iatrogénicas ou iatrogenia são os efeitos colaterais que advém da toma excessiva ou desadequada de medicamentos, da ação de dispositivos, de infeções hospitalares e até de procedimentos médicos para o tratamento de determinadas patologias.

Apesar de ser um problema comum a todas as idades e sexos, há maior prevalência na população idosa, fruto da maior propensão para o aparecimento de doenças e sintomas cujo modo de combate é, precisamente, a toma de medicamento.

Tipos de iatrogenia

Existem três diferentes tipos de iatrogenia:

  • Iatrogenia psicológica – pensar que se tem determinada doença e tomar medicamentos para combatê-la;
  • Iatrogenia cirúrgica – complicações pós-cirúrgicas e infecções hospitalares;
  • Iatrogenia medicamentosa – prescrição errada de medicação, interação medicamentosa, alergia ou automedicação errada.

O tratamento da iatrogenia depende das suas causas e deve ser executado consoante os sintomas observados. Em cada tipo de iatrogenia deve proceder-se à respetiva intervenção, como por exemplo, a interrupção ou alteração do medicamento/procedimento.

Efeitos iatrogénicos

São várias as condições iatrogénicas que podem surgir das causas acima descritas, como por exemplo:

  • problemas gastrointestinais
  • dores
  • reações alérgicas como asma, urticária ou choque anafilático
  • insuficiência renal
  • infeções de pele

Fatores que aumentam o risco de iatrogenia

automedicacao


A doença iatrogénica é uma condição que, embora difícil de diagnosticar pela sua complexidade, pode ser evitada.

Calcula-se que tenha uma prevalência de 10 a 14%, em todo o mundo e estes números elevados são justificados pelos seguintes fatores:

1. Idade

Na doença iatrogénica, a idade é o fator com mais peso: a incidência geral da iatrogenia é cerca de duas a três vezes mais frequente nos idosos do que nos adultos jovens.

2. Sexo

As mulheres estão mais predispostas à iatrogenia, porque além de recorrerem mais aos serviços médicos, apresentam também, mais patologias do que os homens.

3. Diferentes efeitos do mesmo medicamento

As alterações decorrentes do envelhecimento fisiológico são várias e as principais causadoras da modificação da absorção, distribuição e eliminação dos fármacos. Verifica-se assim que, no caso dos idosos, os fármacos têm aumentado a sua absorção e o volume de distribuição.

Além disso, é maior a quantidade de medicamentos de venda livre em circulação e, em consequência aumenta-se o risco de toxicidade.

Sem esquecer que no tratamento da mesma patologia em pessoas diferentes, podem ser utilizados outros medicamentos, que se adequam com maior facilidade ao paciente.

4. Polimedicação

Uma questão que tem também maior relevância na população idosa, existente uma elevada percentagem de polimedicação, ou seja uma quantidade excessiva de medicamentos ingerida diariamente.

5. Utilização dos serviços

A elevada frequência de consultas aumenta a possibilidade de ignorar sintomas. Por outro lado, a existência de vários prescritores como os hospitalares, privados e medicinas alternativas, aumenta a prevalência da iatrogenia.

6. Automedicação

Outro dos fatores que leva à iatrogenia é a automedicação, sem ter em conta a adequação do medicamento ao sintoma, nem à quantidade ingerida.

Como prevenir a iatrogenia

Perante esta situação de cariz ameaçador importa apontar medidas que visem minorar e conter o prejuízo individual e social decorrente da iatrogenia:

  • Conhecimento mais aprofundado dos riscos inerentes às terapêuticas;
  • Decisão e planeamento terapêutico. Será sempre responsabilidade do médico escolher e planear o tratamento mais adequado para cada caso. Em certas situações, que já não vão sendo raras, as particularidades do caso ou a agressividade potencial do medicamento aconselham a que o plano e a execução do tratamento fiquem a cargo de uma equipa, por vezes pluridisciplinar;
  • Obtenção e registo da história terapêutica do paciente;
  • Não receitar vários medicamentos na esperança de que a união faca a forca e, regra geral, sinal de imaturidade terapêutica e manobra que acarreta, além do risco de interações, pelo menos a adição das incidências de ações laterais de cada fármaco isolado;
  • Acompanhamento do doente durante o tratamento;
  • Informação equilibrada e isenta sobre medicamentos. Esta informação deve ser fornecida pelo médico ao doente, mas o próprio médico também necessita dela. Impõe-se pois que se difunda uma doutrina rigorosa sobre medicamentos, correspondendo a um imperativo de ordem ética contribuir para o bem-estar do utente.

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