Enfermeira Bárbara Andrade
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25 Set, 2018 - 12:35

Exames invasivos na gravidez: exames específicos para detetar problemas graves no bebé

Enfermeira Bárbara Andrade

Também denominados de exames de diagnóstico pré-natal, durante a gravidez poderá ser necessário realizar determinados exames invasivos para o despiste de problemas graves no bebé.

Exames invasivos na gravidez: exames específicos para detetar problemas graves no bebé

Por vezes são solicitados pelos médicos, a realização de determinados exames invasivos na gravidez, geralmente realizados quando existem ou se suspeita de complicações, como por exemplo, alterações cromossómicas no bebé.

No entanto, estes exames não podem ser encarados como exames de rotina, apresentando indicações muito específicas devido aos riscos inerentes.

É importante ter a noção de que o resultado do teste normalmente só deteta a doença genética para o qual foi pedido. Não existe nenhum teste que detete todas as doenças hereditárias.

Exames invasivos na gravidez: Biópsia das vilosidades coriónicas

exames invasivos na gravidez e biopsia

Este exame é realizado entre a 11ª e a 14ª semana de gestação e consiste na retirada de uma pequena amostra das vilosidades coriónicas (fazem parte da placenta em desenvolvimento), para se realizar um teste genético durante a gravidez.

Durante o exame é realizada uma ecografia para determinar a posição do feto e da placenta e em seguida é feita a biópsia, esta é realizada para se estudar os genes ou os cromossomas do feto, em relação a doenças genéticas especificas.

Os principais motivos que podem levar a este procedimento são:

  • Quando ao realizar os exames de rotina da gravidez foi evidenciado um risco aumentado de o bebé apresentar uma doença genética;
  • Os pais apresentam uma doença genética que pode ser transmitida ao bebé;
  • Existência de um filho com uma doença genética;
  • Existência de doença genética na família.

Existem duas maneiras de se realizar este exame, a escolha da via será realizada pelo médico especialista, no entanto fica com a noção de que pode ser realizada das seguintes formas:

  1. Trans-abdominal (através do abdómen)
    A amostra é retirada através da inserção de uma fina agulha que atravessa a pele do abdómen e a parede do útero até à placenta.
    A amostra das vilosidades é aspirada através da seringa e enviada para o laboratório para ser testada.
  2. Transcervical (através do colo do útero)
    Um par de fórceps finos passam através do colo do útero.
    É retirada uma pequeníssima amostra das vilosidades da placenta, utilizando os fórceps ou um fino cateter de aspiração. A amostra é depois enviada para o laboratório para ser testada.

Por ser um exame invasivo, as mulheres que realizam a biópsia através do abdómen referem uma ligeira pressão local e que a zona à volta da biopsia fica ligeiramente dorida.

As mulheres que realizam a biópsia através do colo do útero descrevem uma sensação semelhante à de realizar um esfregaço para um exame de Papanicolau.

Este procedimento demora aproximadamente 15 a 20 minutos, no entanto deverá estar acompanhada, para ter algum apoio durante e depois do teste.

É necessário ter alguns cuidados após o exame, principalmente as 48h após, nomeadamente:

  • Evitar esforços físicos;
  • Evitar pegar em coisas pesadas;
  • Evitar momentos de stress, procurando levar uma vida calma;
  • É normal ocorrer uma pequena hemorragia e cólicas menstruais, mas caso uma hemorragia maior, deverá de avisar o seu médico.

Riscos inerentes a este exame

Existe um risco pequeno, de 0,5%, de o procedimento causar sangramento ou até mesmo ocorrer interrupção da gravidez.

Exames invasivos na gravidez: Amniocentese

amniocentese

A amniocentese é um dos exames invasivos na gravidez, que deverá ser feito entre a 15ª e 18ª semanas de gestação, mas pode ser realizada a partir da 12ª semana, embora haja maior risco de aborto.

Através deste exame, consegue-se identificar problemas no desenvolvimento do bebé, como o Síndrome de Down e quase todas as outras anomalias cromossómicas. Consegue ainda detetar doenças genéticas como a fibrose quística, a doença de células falciformes, para além de defeitos abertos no tubo neural.

As indicações para a realização deste exame são:

  • Grávida com idade superior aos 35 anos;
  • Mãe ou pai com problemas genéticos, como por exemplo, Síndrome de Down;
  • Gravidez prévia de filho com uma doença genética;
  • Existência de sinais na 1ª ecografia pré-natal ou o exame de translucência da nuca, que mostrem risco do bebé ter uma doença genética.

A amniocentese é, à semelhança da biópsia das vilosidades coriónicas, realizada com a mulher deitada, enquanto o médico, utiliza um ecógrafo para identificar a posição do feto e a placenta.

Em seguida, o médico introduz uma agulha através da pele do abdómen e retira uma pequena quantidade de líquido amniótico.

O incómodo sentido durante o exame é variável de mulher para mulher. A sensação de dor muscular, de picada ou pressão são alguns dos sintomas mais descritos pelas mulheres que fazem o exame.

Riscos inerentes a este exame

O principal risco é o de aborto, que é maior quando o exame é feito no segundo trimestre da gravidez. Além disso, existe ainda o risco de infecção, traumas no bebé ou provocar o trabalho de parto prematuramente.

Exames invasivos na gravidez: Cordocentese

cordocentese

A cordocentese, é um exame de diagnóstico pré-natal, feito a partir das 18 ou 20 semanas de gestação, que consiste na remoção de uma pequena amostra de sangue do bebé a partir do cordão umbilical.

Este exame ajuda na deteção de alguma deficiência cromossómica no bebé, ou de doenças como por exemplo, toxoplasmose, rubéola, anemia fetal ou citomegalovírus.

O procedimento deste exame é idêntico à amniocentese, a única diferença é que na amniocentese é recolhido líquido amniótico e na cordocentese é recolhido sangue do bebé a partir do cordão umbilical.

Após o exame, a grávida poderá sentir: hemorragia vaginal ligeira, contrações, febre e cólicas abdominais e por isso deve ficar de repouso durante 24 a 48 horas e evitar contacto íntimo durante 7 dias após o exame.

Após o exame podem surgir sintomas como perda de líquido, sangramento vaginal, contrações, febre e dor no pé da barriga.

Riscos inerentes a este exame

Raramente acontecem, no entanto os riscos associados a este exame são, 1% de risco de aborto, perda de sangue no local onde é inserida a agulha, bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos) do bebé e ruptura prematura das membranas.

É importante que a realização de qualquer um destes exames seja sempre uma decisão individual do casal, cabendo ao médico prestar uma informação esclarecida dos riscos que o casal corre ao optar por fazer ou não, o exame.

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