Enfermeira Isabel Silva
Enfermeira Isabel Silva
06 Nov, 2017 - 17:56

Estrabismo: tipos, causas e tratamento

Enfermeira Isabel Silva

O estrabismo corresponde à perda de paralelismo entre os olhos. Apesar da sua prevalência ser inferior a 3%, existem maneiras de tratar este problema.

Estrabismo: tipos, causas e tratamento

O estrabismo é uma doença oftalmológica que se caracteriza pelo desalinhamento dos eixos visuais, que pode ser horizontal, vertical ou torsional.

O número de estrábicos em Portugal é desconhecido. Contudo, tendo em conta que em populações com características demográficas semelhantes à nossa a prevalência da doença é de aproximadamente 3%, pode-se estimar que existam cerca de 320 mil indivíduos portadores de estrabismo em Portugal. Cerca de 50 mil dos estrábicos são crianças com menos de 14 anos de idade.

O que é o estrabismo?

olhos com estrabismo

O estrabismo consiste no desalinhamento dos eixos visuais. O desalinhamento ocular pode ocorrer nas seguintes formas:

  • Horizontal: pode ser convergente se um dos olhos está direcionado para a parte interna do olhos, ou divergente se se desvia para a parte externa do olho;
  • Vertical: em que um dos olhos é desalinhado para cima ou para baixo;
  • Torsional: em que há uma torção dos eixos visuais. Neste caso, o diagnóstico torna-se mais difícil.

Em grande parte dos casos os desvios são mistos, isto é, os eixos estão desalinhados em mais do que uma direção. Existem apresentações mais complexas e graves da doença. Muitas das vezes, estas apresentações associam-se a outras alterações oftalmológicas ou até sistémicas.

Quais as causas mais comuns do estrabismo?

exame as cataratas nos olhos

As causas deste problema variam conforme o tipo de estrabismo, a idade em que surge e as características demográficas da população.

A forma mais frequente de estrabismo nas crianças é a endotropia acomodativa, representando cerca de 80% dos casos. Este problema tem como causa o esforço que a criança tem de fazer para focar as imagens. Na maioria dos casos, este tipo da doença é provocada por uma hipermetropia não compensada. Esta forma de estrabismo pode ser prevenida se a causa for diagnosticada e corrigida atempadamente.

Nos primeiros 6 meses de vida da criança pode manisfestar-se a endotropia congénita. Este tipo da doença não tem causa conhecida e caracteriza-se por um desvio de grande ângulo, associado muitas vezes a um desvio vertical.

A qualidade de visão diminuída num dos olhos pode provocar estrabismo sensorial. O desvio pode ocorrer devido a cataratas, descolamento de retina ou outro motivo grave de hipovisão.

Excluindo a exotropia sensorial, não é bem conhecida a causa para os desvios divergentes. Na maior parte dos casos, têm início numa forma divergente com progressiva deterioração da capacidade de fundir as imagens provenientes dos dois olhos, e evolução para um desvio permanente.

Quais são os fatores de risco do estrabismo?

bebe prematuro

Existem vários factores de risco que podem estar associados ao estrabismo:

  • História familiar de estrabismo;
  • Prematuros com idade gestacional <28 semanas;
  • Prematuros de baixo peso à nascença (<1500g);
  • Crianças com complicações perinatais envolvendo o sistema nervoso central;
  • Crianças com atraso do desenvolvimento;
  • Crianças portadoras de síndromes genéticos (sobretudo os associados a alterações crâniofaciais).

Qual é o tratamento mais adequado para o estrabismo?

escolha das lentes para oculos

Após o diagnóstico de estrabismo, a primeira preocupação é realizar uma avaliação minuciosa da situação clínica. É fundamental determinar quais as causas e as consequências do desvio e os fatores de risco que estão associados.

A correção das causas subjacentes ao estrabismo são o ponto de partida para o tratamento do estrabismo. Em primeiro lugar devem ser corrigidos os erros refrativos presentes (astigmatismo, miopia e hipermetropia).

Uma das consequências que assume particular importância é a ambliopia. A utilização de óculos, quando indicado, é fundamental ainda que, muitas vezes, não seja o suficiente para o tratamento. Como tal, é necessário penalizar o olho em que a visão está conservada, através da utilização de oclusão ocular ou instilando gotas que diminuam a visão temporariamente. Podem ainda ser realizados tratamentos que têm por fim estimular a visão. Estes tratamentos têm como objetivo melhorar a qualidade da visão e não o estrabismo.

Por fim, o desvio dos eixos de visão que se mantém após a correção dos erros refrativos é feito através de cirurgia. Como alternativa à cirurgia pode ser utilizada, em alguns casos, a injeção de toxina botulínica (botox) com o objetivo de paralizar os músculos extra-oculares.

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