Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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13 Fev, 2020 - 15:32

Erliquiose canina: o que é, sintomas e tratamento

Drª Patricia Azevedo | Médica Veterinária
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A erliquiose canina é uma das doenças que pode ser transmissível através das carraças e pode originar sintomas graves. Saiba tudo sobre esta patologia.

Cão a ser tratado por causa da erliquiose canina

A erliquiose canina é uma doença transmitida por carraças que afeta principalmente os cães, mas também pode afetar os gatos e o homem, apesar de ser pouco comum. Habitualmente causa sinais clínicos variáveis mas pode levar a quadros de doença grave.

O que é a erliquiose canina?

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A erliquiose canina é uma doença infeciosa causada principalmente por Ehrlichia canis. Existem outros tipos de erliquias, no entanto esta é a mais frequente nos cães.

As erliquias são microorganismo intracelulares obrigatórios, ou seja, quando parasitam as células do organismo, necessitam de estar no seu interior para sobreviverem. Afetam principalmente as células do sistema imunitário, mais propriamente os leucócitos ou glóbulos brancos.

A transmissão deste agente infecioso ocorre através da picada de carraças, mais propriamente um tipo de carraça denominado de Rhipicephalus sanguineus. Estas carraças são infetadas depois de se alimentarem do sangue de animais infetados, transportam a erliquia no seu interior e, quando se alimentam noutro animal, infetam-no. Ou seja, a transmissão nunca pode ocorrer de uma forma direta, mas sim através de um vetor.

Sinais de eliquiose canina

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Os sinais de erliquiose canina podem manifestar-se de forma aguda, rápida e repentina ou de uma forma crónica, gradual. O sistema imunitário do animal pode determinar qual a severidade da doença, pois animais mais frágeis a nível imunitário não conseguem ter uma resposta tão eficiente, como por exemplo cachorros, e podem apresentar sinais agudos severos.

Na forma aguda os sinais mais comuns são:

  • Febre
  • Linfoadenopatia, aumento dos gânglios linfáticos, podem sentir-se nódulos inchados por vários locais do corpo
  • Trombocitopenia, baixa das plaquetas, e consequentemente ocorrerem hemorragias
  • Anorexia, falta de apetite
  • Depressão
  • Edema dos membros, o que provoca relutância em andar
  • Tosse
  • Dificuldade em respirar (dispneia)

A fase aguda da doença necessita de acompanhamento médico veterinário e medicação, no entanto, em alguns casos, dependendo do seu estado imunitário, pode ocorrer recuperação espontânea. No entanto, caso haja uma recuperação espontânea sem tratamento, os sintomas podem progredir para doença crónica uma vez que o problema não foi eliminado.

Alguns animais podem passar por uma fase aguda assintomática, ou seja, não apresentar qualquer sintoma numa fase inicial, e passar a longo prazo para uma apresentação de sinais crónicos da doença.

Numa fase crónica os cães podem desenvolver os seguintes problemas:

  • Perda de peso acentuada
  • Meningite, com apresentação de sintomas neurológicos
  • Insuficiência renal
  • Pneumonia
  • Hematúria, presença de sangue na urina, devido às hemorragias provocadas pela baixa das plaquetas
  • Epistaxe, sangramento nasal, também devido à trombocitopenia
  • Melena, fezes escuras ou negras, que contêm sangue digerido, também devido a possíveis hemorragias
  • Febre de origem desconhecida e intermitente
  • Claudicação, mancar

Todos os sinais clínicos apresentados, tanto na fase aguda como na fase crónica são inespecíficos e comuns a outras doenças, por isso, se o seu animal apresenta algum destes sintomas, deve ser levado ao médico veterinário para ser avaliado e proceder à realização de exames para chegar a um diagnóstico e consequente tratamento.

Nestes casos, ter um plano de saúde para o seu animal de estimação pode ser uma ajuda na gestão de gastos. A Vetecare disponibiliza um plano de saúde de animais de companhia a partir de 13€ por mês, que inclui uma vasta rede de profissionais, serviços e clínicas onde pode recorrer para dar o melhor ao seu melhor amigo.

Diagnóstico de erliquiose canina

O diagnóstico de erliquiose canina é sempre realizado pelo médico veterinário através da realização de vários exames.

1. Hemograma

A realização de um hemograma através de sangue periférico é importante para verificar se a doença é uma possibilidade. Cães infetados demonstram anemia e contagem de plaquetas baixa (trombocitopenia).

2. Observação do sangue ao microscópio

Também é possível observar ao microscópio o sangue de forma a tentar visualizar as formas de erliquia no interior dos glóbulos brancos ou das plaquetas. No entanto, a não visualização deste agente patogénico não descarta o diagnóstico, uma vez que devido a baixos números celulares pode não ser possível observa-los ainda que existam.

3. Deteção no sangue

Existem vários exames, realizados por metodologias diferentes, para identificar a presença de erliquias no sangue, que podem ser realizados no laboratório.

4. Sinais clínicos e resposta ao tratamento

Na maioria das vezes, o diagnóstico é realizado pelo médico veterinário através dos sinais clínicos, suspeita através do resultado do hemograma, e tendo em consideração à resposta ao tratamento realizado para erliquiose canina.

Tratamento de erliquiose canina

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O tratamento para erliquiose canina é realizado através de um antibiótico específico durante cerca de 21 dias. No entanto, casos crónicos pode ser necessário aumentar o período da toma.

Nunca auto-medique o seu animal, sob risco de piorar os seus sinais clínicos e comprometer a eficácia dos antibióticos contribuindo para a resistência antimicrobiana. Este antibiótico só deve ser administrado ao seu animal caso o profissional de saúde o prescreva.

Em conjunto com o antibiótico também é necessário a administração de duas doses de um injetável com um intervalo de 15 dias.

Se o animal apresentar sintomas, pode ser necessário fazer também uma terapia de suporte de forma a aliviar os sintomas, como por exemplo no caso de existência de hemorragias pode ser necessário recorrer a transfusões sanguíneas.

>> Saiba como poupar no diagnóstico e tratamento de patologias do seu animal

Prevenção de erliquiose canina

Uma vez que se trata de uma doença transmitida por carraças, a melhor forma de a prevenir é através da desparasitação externa regular, com efeito repelente para estes parasitas, impedindo-os de picar os cães.

Existem vários tipos de desparasitantes externos, uns sob a forma de comprimidos, coleiras, pipetas spot-on, injetáveis, com diferente período de duração de efeito repelente, que pode variar de um mês a um ano.

Deve informar-se com o seu médico veterinário acerca do produto mais indicado para o seu cão e qual o período de duração do efeito repelente.

Opte por escolher um desparasitante externo completo que tenha efeito repente contra vários parasitas incluindo as carraças.

Fontes

1. MSD Veterinary Manuals – Ehrlichiosis and related infections In Dogs. Disponível em: https://www.msdvetmanual.com/generalized-conditions/rickettsial-diseases/ehrlichiosis-and-related-infections

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