Enfermeira Bárbara Andrade
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20 Nov, 2018 - 17:13

Endoscopia digestiva: tudo sobre o exame para diagnóstico de doenças gastrointestinais

Enfermeira Bárbara Andrade

Em casos de queixas e sintomas gastrointestinais de difícil diagnóstico, os médicos recorrem à prescrição do exame de endoscopia digestiva.

Endoscopia digestiva: tudo sobre o exame para diagnóstico de doenças gastrointestinais

A endoscopia digestiva é um dos modos mais eficazes na prevenção e diagnóstico de determinadas doenças do sistema gastrointestinal, uma vez que permite a possibilidade de visualização do tubo digestivo.

Este exame de diagnóstico deverá ser realizado por gastroenterologistas com experiência, pois a eficácia do profissional está diretamente relacionada com a qualidade do exame.

Objetivos da endoscopia digestiva

Endoscpia digestiva e Colheita de biopsias de tecidos

A utilização de endoscópios permite:

  1. A deteção de múltiplas lesões orgânicas internas, como por exemplo úlceras, pólipos ou tumores;
  2. Deteção de possíveis locais com hemorragia interna;
  3. Colher biópsias de tecidos;
  4. Realização de vários tratamentos, como por exemplo:
    • Remoção de pólipos;
    • Desobstruir determinadas zonas;
    • Estancar hemorragias.

 Exames endoscópicos digestivos mais solicitados

Os exames endoscópicos envolvem a utilização de um sistema de tubos flexíveis, com pontas que são manobráveis pelo executante (endoscópios), que permitem a visualização de imagens em monitores de televisão.

Os exames mais solicitados vão ser abordados em seguida.

1. Endoscopia digestiva alta

endoscopia digestiva alta

Este exame pode também ser conhecido como esofagogastroduodenoscopia e consiste na introdução de um endoscópio pela boca e permite a observação do esófago, estômago e duodeno (primeira porção do intestino delgado).

O encaminhamento para este tipo de endoscopia digestiva é bastante comum quando as pessoas se queixam de dores na região de estômago e início do intestino delgado.

Esse exame também pode ser requerido para a retirada de objetos que possam ter sido engolidos acidentalmente ou, para a realização de biópsias da mucosa do esôfago, estômago ou duodeno, a fim de detectar doenças e condições.

Este exame pode ser realizado tanto a adultos como a crianças. Neste caso, a endoscopia em idade infantil é, habitualmente, efetuada sob sedação anestesia.

Preparação para o exame:

  • Jejum de 6 a 8 horas antes da endoscopia para evitar regurgitamento e facilitar a visualização das imagens. Só pode beber pequenas quantidades de água (podendo ser açucarada) até 2 a 3 horas antes do exame;
  • Informar o médico de toda a medicação que está a tomar, pois poderá ser necessário suspender a toma de algum fármaco, especialmente os relacionados com a coagulação do sangue;
  • Nos casos de endoscopia com sedação, a pessoa necessita de ser acompanhada por terceiros, uma vez que não pode conduzir ou trabalhar após o exame.

Descrição do exame:

  1. Durante o exame, o doente deverá permanecer deitado numa maca, em decúbito lateral esquerdo;
  2. É importante estar monitorizado, para que os profissionais de saúde possam controlar determinados parâmetros, como: respiração, tensão arterial e frequência cardíaca;
  3. Poderá ou não, ser necessário o recurso a sedação para ajudar a pessoa a relaxar ou poderá ser necessário a aplicação de um spray anestésico local que se aplica na garganta, e que diminui a sensibilidade dessa zona temporariamente e evita o reflexo do vómito;
  4. Este procedimento tem uma duração variável entre 5 a 20 minutos, no entanto, para o facilitar:
    • A pessoa deverá trincar um um bocal entre os dentes incisivos (para manter a boca aberta e o aparelho protegido), é através deste que passa o endoscópio;
    • É pedido ao doente que engula, o que pode causar alguma sensação transitória de vómito e falta de ar;
    • Não pode falar.
  5. O médico vai insuflando ar através do endoscópio, o que condiciona a distensão do lúmen esofágico, gástrico e duodenal, permitindo a sua correta observação.
  6. No caso de anomalias, o médico pode gravar as imagens, de forma a poderem ser analisadas as ocorrências pormenorizadamente;
  7. Caso haja necessidade, o endoscópio permite a inserção de outros instrumentos que permitem realizar técnicas terapêuticas (por exemplo, introdução de fármacos) ou de diagnóstico (por exemplo, colheita de tecido para biópsia).
  8. Quando o exame está terminado, o endoscópio é removido lentamente pela boca.

Cuidados a ter:

  • Pode sentir sensação de pressão gástrica, enfartamento, flatulência, cólicas abdominais ou desconforto na garganta;
  • No caso de uma endoscopia digestiva com sedação endovenosa, a recuperação é mais prolongada, podendo exigir uma vigilância de cerca de 1 hora em caso de sedação.

2. Colonoscopia

exame colonoscopia

Outro tipo de endoscopia digestiva muito utilizada é a colonoscopia, sendo que este exame consiste na introdução de um colonoscópio pelo ânus, permitindo a observação do intestino grosso (cólon e reto).

O colonoscópio é um longo e fino tubo flexível, com comprimento que pode chegar até aproximadamente 185 cm e um diâmetro que varia entre 1,0 e 1,3 cm.

Na extremidade do colonoscópio há uma microcâmera que transmite as imagens para um monitor, permitindo que o médico veja e grave o que ocorre dentro do intestino grosso.

Existem pessoas que acham a colonoscopia um exame muito desconfortável, enquanto há outras que o toleram sem problemas. Isso é muito individual, mas depende também da habilidade do médico.

Preparação para o exame:

Para a limpeza do intestino, o médico pode recomendar os seguintes procedimentos:

  • Dieta líquida nos 2 dias que antecedem o exame (deve evitar líquidos de cor vermelha que podem ser confundidos com sangue);
  • Ingestão de uma solução com propriedades laxantes. Cada produto é acompanhado do respetivo modo de preparação;
  • Informar o médico de toda a medicação que está a tomar;

> Saiba mais sobre a preparação para a colonoscopia aqui.

Descrição do exame:

  1. O paciente deve de, tal como o exame referido anteriormente, permanecer deitado, em decúbito lateral esquerdo, com os joelhos dobrados sobre o abdómen;
  2. O exame tem uma duração aproximada entre 20 minutos a 1 hora. Se a limpeza do cólon não estiver satisfatória, o médico costuma optar por interromper o exame, remarcando-o para outra data;
  3. Durante o exame o médico vai insuflando ar através do colonoscópio que permite a distensão do cólon, a progressão e a correta observação da mucosa.
  4. Em caso de necessidade, podem introduzir-se instrumentos através do colonoscópio, que permitem realizar procedimentos diagnósticos e terapêuticos;
  5. Em alguns casos pode ser administrada medicação sedativa/analgésica por via oral ou endovenosa, para que o doente fique mais relaxado. Por vezes é mesmo necessário o recurso a sedação anestésica.

Cuidados a ter:

  • No final do exame, a recuperação é habitualmente rápida (alguns minutos), mas pode implicar um recobro de cerca de 1 hora nos casos em que se aplicou sedação endovenosa;
  • O doente deverá estar acompanhado e não poderá conduzir ou trabalhar no dia do exame.

Contra-indicações:

  • Ausência de consentimento informado;
  • Cirurgia abdominal recente;
  • Suspeita de diverticulite ou perfuração do cólon;
  • Dificuldade respiratória;
  • Alterações graves da coagulação;
  • Patologia cardíaca descompensada (arritmias, insuficiência cardíaca);
  • Gravidez.

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