Isabel Coimbra
Isabel Coimbra
02 Nov, 2016 - 18:05

Crónica #29: mixórdia de cenas

Isabel Coimbra

Numa semana em que aconteceu tudo e mais um par de botas, juntei tudo num caldo e saiu uma mixórdia, como o outro. 

Crónica #29: mixórdia de cenas

Porque fizemos inseminação artificial, o protocolo da maternidade determina que se faça uma ecocardiografia fetal uma vez que estes bebés têm mais probabilidade de ter alterações cardíacas. A primeira foi há umas semanas e pelo tempo que a coisa demorou, percebi logo que dali trazia presente. No final, a médica obstetra disse que queria repetir o exame porque existe um “buraco” que precisa ser avaliado e “mais umas coisinhas” para ver. Só isto. 

Fui forçada a perguntar “o que é que isso quer dizer?” Levantou os olhos dos óculos, olhou-nos como se fosse a pergunta mais estúpida do mundo e, puxado a ferros, fechou a conversa com um “não quer dizer nada”. Repetimos o exame esta semana. Diz que tem uma “variação normal” e “mais umas coisinhas” e nada esclarece. Fico perturbada com esta falta de tato que nos leva a procurar um especialista em cardiologia pediátrica para perceber o que é esta “normalidade”. 

Na obstetrícia, na pediatria e na oncologia é preciso coração acima de tudo. Se não tem sensibilidade ou pachorra para dar todas as respostas aos pais sem que eles as perguntem… que vá para ortopedia!

Adiante. Esta semana, com mais nove quilos no lombo, deixei oficialmente de ver a passarinha e os pés. E nota-se porque no cabeleireiro, a Ria disse-me “que linda que tu estás assim inchadinha!” e eu ri-me. Ri-me porque ela acha mesmo que estou linda e calha que quanto mais gigante fico… também mais gosto de me ver. Devem ser as hormonas, não liguem. Por estes dias, também sou uma cólica gigante. É uma moínha permanente no fundo da barriga, tipo vem aí o período ou uma diarreira enorme. Deve ser normal, não?

Na sexta-feira fomos ver o Pedrinho. Às trinta e uma semanas continua tudo ótimo. 1700 gramas de pessoa, percentil 75. Não será um ratinho mas também ainda não é certo que venha daí um bisonte. Depende da genética, da alimentação, do líquido amniótico, da placenta e de cenas várias. Mas tem os tintins no sítio, o que nos parece um bom prenúncio. Fechámos a semana com uma sessão surpresa pela lente da minha querida amiga Brígida Brito e foi… inacreditável!



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