Alimentação do bebé de 4 meses: hora da diversificação alimentar

Os 4 meses de idade do bebé são uma fase de transição a nível alimentar, pois é a altura em que se evolui da amamentação exclusiva para a diversificação alimentar. Assim, a alimentação do bebé de 4 meses, é um tema que ainda suscita muitas dúvidas nos pais e cuidadores.

O processo de diversificação alimentar consiste, basicamente, na introdução de outros alimentos que não o leite materno, de textura progressivamente menos homogénea, até à inserção na alimentação da família, que ocorrerá a partir dos 12 meses.

Esta etapa é fundamental para o desenvolvimento infantil da criança, tanto do ponto de vista nutricional, como cognitivo e funcional (aprende a mastigar, pegar na colher), preparando-o para a integração na rotina da família.

Recomendações para alimentação do bebé de 4 meses

As recomendações relativas à alimentação do bebé estão atualmente a cargo da ESPGHAN (Sociedade Europeia de Gastroenterologia e Nutrição Pediátrica) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), os principais organismos responsáveis por esta temática.

Neste contexto, e como já mencionado anteriormente, recomenda-se a amamentação exclusiva até pelo menos 4 meses de idade (pode ir até aos 6 meses) e, após esta idade, a introdução da alimentação complementar, nutricionalmente adequada e segura, visto que o desenvolvimento renal e gastrointestinal, assim como uma capacidade motora, são já adequadas por esta altura.

Além disso, nesta idade, o leite materno ou artificial poderá ser insuficiente para suprir as necessidades energético-proteicas e em micronutrientes, em particular de ferro, do bebé.

Qual a evidência mais atual sobre a alimentação do bebé de 4 meses?

As últimas recomendações para a diversificação alimentar defendem que não há uma ordem nem mês de vida preferencial para a introdução dos novos alimentos.

Neste sentido, as habituais tabelas que referem que os primeiros alimentos a serem introduzidos deverão ser a sopa ou a papa láctea, seguidos da fruta, carne e peixe e cereais sem glúten, assim como o respetivo mês em que cada um deve ser introduzido, deixam de ser as normas mais corretas.

Isto porque se verificou que os alimentos mais alergénicos – como amendoim ou ovo -, mesmo quando introduzidos antes dos 12 meses, não parecem ter qualquer impacto na probabilidade de alergia alimentar no futuro. Esse risco apenas se acentua se a exposição a estes alimentos se iniciar antes dos 4 meses de idade.

É também recomendado que, por esta altura, todas as crianças consumam alimentos ricos em ferro, nomeadamente a carne, os vegetais de folha verde (através da sopa), frutos oleaginosos ou cereais integrais fortificados com este nutriente.

Por outro lado, nenhum açúcar ou sal deve ser adicionado aos alimentos e os alimentos naturalmente açucarados como sumos de frutas, bolachas e papas açucaradas devem ser evitados.

Em suma, por esta altura, pode começar por introduzir na alimentação do bebé de 4 meses um creme / sopa de legumes com carne ou com peixe (cerca de 10 a 15 gramas /por sopa, inicialmente, e vai gradualmente aumentando) para assegurar a ingestão de ferro, o primeiro nutriente a ficar em risco de deficiência. A esta sopa pode ser adicionado azeite, visto ser uma gordura fundamental para o organismo.

Inicialmente o creme deverá ser básico e conter poucos legumes, sendo, posteriormente e de forma gradual, introduzidos mais legumes.

A par desta sopa, deve também começar a oferecer ao seu bebé fruta e papas de cereais para garantir o aporte energético e de micronutrientes.

Que alimentos ainda não deve introduzir na alimentação do bebé de 4 meses?

Leite de vaca

O leite de vaca não deve ser oferecido como bebida principal à criança antes dos 12 meses de idade, embora pequenos volumes possam ser adicionados aos alimentos complementares como as papas.

Mel

O consumo de mel é desaconselhado até aos 12 meses por dois motivos: ser um alimento açucarado e pelo risco de botulismo associado (por não ser pasteurizado). Além disso, alimentos que possam provocar engasgamento, como amêndoas, uvas inteiras, pipocas, entre outros, estão também desaconselhados.

Por fim, importa salientar que a introdução de novos alimentos deve ser flexível e gradual, tendo sempre em consideração os sinais de saciedade da criança.

É também importante realçar que esta idade constitui uma importante janela de oportunidade para a criação de hábitos alimentares saudáveis, a qual deve ser bem aproveitada pelos pais, em particular no que diz respeito a hortofrutícolas, visto que, ao contrário do sabor doce, o sabor amargo destes alimentos não é inato e precisa de ser aprendido.