Isabel Coimbra
Isabel Coimbra
20 Out, 2016 - 15:49

Crónica #6: já faltou mais…

Isabel Coimbra

Precisamente dois anos depois do dia em que larguei a pílula damos início ao tratamento de fertilidade que vai mudar a nossa vida.

Crónica #6: já faltou mais…

Até aqui, fiz (e faço) parte de um grupo no Facebook onde dezenas de outras mulheres partilham as suas histórias sobre processos semelhantes, uns tão simples quanto o nosso mas a grande maioria são bem mais complexos e dolorosos, com muitas desilusões e perdas à mistura. Um grupo de mulheres que se ajudam num momento das suas vidas em que o coração e a alma está em pedaços.

Sem críticas, sem julgamentos mas sempre com palavras doces, de carinho e entusiasmo para aquela que está a passar por um momento menos bom. Quem diz que as mulheres são umas cabras umas para a outras, não sabe nada desta vida! O nosso primeiro ciclo de tratamento está prestes a começar e, com pena, sinto que é o momento de cortar o cordão com estas meninas que tanto me ajudaram. Não posso, nesta fase, acompanhar relatos menos felizes porque sinto que isso, sem dúvida, afetará a minha disposição. Acreditar é tudo! Boa disposição e otimismo, também.

Mais uma vez na sala do Cristiano Oliveira, com os resultados na mão, confirmamos que o próximo passo é a inseminação artificial e vamos a ela. Quando ao pai da criança, não há nada a fazer, só esperar. Já a mim, naturalmente, calha a parte mais desagradável: as injeções ou, como se diz neste mundo, as picas. Apesar de tudo, mais uma vez, tivemos sorte. No nosso caso, o tratamento resume-se a uma injeção diária, com a ajuda de uma caneta. Não custa nada nem dói. Nada que se pareça com as picadas das vacinas, das análises ou de injeções de penicilina. Mas, ainda assim, antes de me picar, batia um arrepio e um calor frio – a ele também fazia muita impressão ver. Dez dias de picadelas e estava pronta. 

Estamos de novo com o médico, para fazer a ecografia que nos dirá quantos folículos estão prontos para a inseminação. Secretamente, desejei que fosse mais do que um para ver se nos saía na rifa gémeos mas, a medicação foi ajustada para que isso não acontecesse. A ideia é muito bonita e romântica mas, do ponto de vista médico, não é nada desejável – já para não falar na quantidade de fraldas ou no choro a duplicar.

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