Isabel Coimbra
Isabel Coimbra
20 Out, 2016 - 15:48

Crónica #5: tenho medo

Isabel Coimbra

Tem dias que o espírito vacila e o medo se esgueira para assumir o comando. É preciso encontrar força para não o deixar dominar… eu descobri a minha.

Crónica #5: tenho medo

Antes de avançar com a inseminação propriamente dita, há alguns passos fundamentais. Uns médicos podem pedir outros exames mais complexos, haverá também os que pedem menos mas, no nosso caso, foi relativamente simples. Assim, confirmada a teratozoospermia, era ainda preciso perceber se comigo estava tudo bem e, para isso, fiz a histeroscopia. Tive medo. Um medo descontrolado que não percebia de onde vinha. Eu estava a acreditar, caramba!

Esquece os sonhos porque isto ainda não acabou. Não estás livre de ter uma pequena infertilidadezinha dentro de ti e o que julgas estar guardado é bem possível que não seja o que esperas receber. Que importa que sejas muito regular? Que importa que o teu corpo seja agora um relógio e saibas o que dizem os sinais que te gritam todos os meses? Fizeste medicina, queres ver? Achas que é esse muco que te inunda as cuecas, mês sim, mês sim, que te vai salvar? Estás mesmo convencida que sentes a ovulação, por isso, está tudo bem contigo? Estás optimista queres tu ver… que atrevimento! 

Tudo isto me passou pela cabeça e o pânico quase que se instalou de vez. A ansiedade é uma coisa que tenho aprendido a dominar, uma capacidade que veio com a idade mas, também, por osmose. Ver como ele encara os problemas, a sua atitude de nada é grave o suficiente para nos aborrecermos, ajudou-me muito, nos últimos anos, a relativizar e a focar no que apenas interessa. Às vezes ainda me perco neste caminho. E perdi-me. Tive crises de choro sozinha, as palpitações agressivas e os pesadelos voltaram, a voz falhava-me do nada e sentia-me descontrolada. Descontrolada é a palavra.

Mais uma vez, salvou-me a Sónia que esteve sempre ao meu lado. Bela, acreditas no reiki? Acredito, respondi. Então vai fazer uma sessão antes que tenhas uma ataque de pânico porque, depois do primeiro, não há retorno. Fui. Assim que me sentei na marquesa, enquanto a terapeuta se preparava disse-me “para já, sinto aí um grande medo de ser mãe” (tenho?) as lágrimas caíram e, depois disso, o que aconteceu foi mágico.

Senti, fisicamente, intensas vagas de energia e, fosse pelo que fosse, os medos foram com elas.

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