Psicóloga Ana Graça
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15 Mar, 2018 - 17:34

Regras à mesa: fundamental para uma alimentação saudável

Psicóloga Ana Graça

Recusar fruta, vegetais, sopa ou peixe é um cenário comum na maioria das famílias. Por isso, é cada vez mais importante, repensar nas regras à mesa com crianças e adolescentes, de forma a combater maus hábitos alimentares, que possam comprometer a saúde no futuro.

Regras à mesa: fundamental para uma alimentação saudável

As crianças não nascem ensinadas a escolher os alimentos em função do seu valor nutricional. Os hábitos alimentares são aprendidos através da educação. Cabe às famílias definir regras à mesa fundamentais para uma boa educação alimentar de crianças e adolescentes.

A importância da educação alimentar na família

regras a mesa e comida saudavel

O ato de comer, para além de satisfazer as necessidades biológicas e energéticas essenciais para a nossa saúde e bem-estar, é também uma fonte de prazer e uma oportunidade de socialização.

O momento da refeição deve ser uma ocasião agradável para toda a família. A refeição é a oportunidade de ter toda a família reunida à volta de uma mesa e é nesse contexto que começam os hábitos alimentares das crianças.

Os hábitos alimentares saudáveis devem iniciar-se o mais cedo possível, nos primeiros anos de vida. As refeições devem ser um espaço de tranquilidade, diálogo e partilha entre a família. Um espaço onde todos possam conversar sobre como correu o dia de cada um.

As refeições não devem ser lugar de discussões e disputas em que todas as conversas giram à volta daquilo que a criança come ou não come.

Contudo, esta é a realidade em muitas famílias com filhos pequenos. As crianças raramente comem tudo o que está no prato e os pais sentem-se impotentes e sem saber o que fazer.

Perante estas situações acabam por empregar estratégias ineficazes, recorrendo, por exemplo à chantagem: “se não comeres tudo, não vais brincar”.

Obviamente que é importante comer bem, de acordo com as necessidades de cada faixa etária, mas também é importante lembrar que existe espaço para tudo na alimentação e que há determinadas regras à mesa que podem fazer mais mal do que bem.

Regras à mesa que podem ajudar

familia feliz a mesa

É certo que não há nenhuma fórmula secreta para seduzir as crianças e os adolescentes para o consumo de alimentos saudáveis, mas há algumas regras à mesa que podem ajudar:

1 – Respeite o apetite do seu filho e isso evita discussões desnecessárias;

2 – Não prolongue as refeições demasiado tempo, para que não se torne um momento desagradável para toda a família;

3 – Promova refeições calmas, leves, sem pressões nem discussões: favorecem a adoção de hábitos alimentares saudáveis por parte das crianças;

4 – Procure que a criança participe na preparação dos alimentos;

5 – Varie as refeições: servir sempre a mesma comida aumenta a probabilidade da criança enjoar e rejeitar;

6 – Fale com o seu filho acerca da importância de se alimentar bem e explique os benefícios: ter energia para as brincadeiras;

7 – Faça corresponder as escolhas alimentares com benefícios para a saúde e explique ao seu filho todas essas relações;

8 – Ensine o seu filho a comer, mas não permita que obrigar seja a norma: ao obrigar pode estar a ajudar a criar aversão a um determinado alimento;

9 – Não pressione para que o prato fique limpo, de tal forma que isso afete a maneira como o seu filho encara as horas de refeição: garanta que come a maioria dos alimentos que está no prato, mas dê espaço para não comer uma pequena porção, sempre que possível;

10 – Sempre que possível, deixe o seu filho servir-se: combine previamente com ele o que colocar no prato e que terá de comer o que escolher colocar no prato;

11 – Eduque o palato do seu filho: aumente de forma gradual a presença dos alimentos que criam maior resistência na criança;

12 – Respeite, dentro do possível, o ritmo e as preferências do seu filho;

13 – Dê o exemplo daquilo que quer que o seu filho faça: a sua conduta à mesa é fundamental para que o seu filho aprenda;

14 – Estipule regras para o uso da tecnologia à mesa, quer para os pais, quer para os filhos: “quando estamos a desfrutar de tempo de qualidade juntos não usamos equipamentos eletrónicos”;

15 – Não tenha alternativas alimentares menos saudáveis em casa: se as crianças souberem que existem alternativas, irão utiliza-las;

16 – Não alimente o jogo de medir forças com o seu filho: a alimentação não deve ser usada para educar ou chantagear a criança, mas também não ceda a chantagens;

17 – Não utilize os alimentos saudáveis com uma conotação negativa: “come o que menos gostas para depois poderes fazer o que mais gostas”;

18 – Evite oferecer comida como recompensa por bom comportamento: uma alimentação equilibrada pode ser muito mais recompensadora;

19 – Não promova estratégias erradas: quando a ingestão de um alimento é regularmente recompensada com outro alimento (comer a sopa para ter direito a uma guloseima – a sopa passa a ser detestada; comer as hortaliças e depois ter direito a ver televisão – as hortaliças passam a ser detestadas);

20 – Imponha limites, mas permita ter um dia por semana ou situações em que possam ser mais liberais com a alimentação;

21 – Evite castigos como punição por não comer o que é saudável. Melhor ser o exemplo e comer bem na frente da criança, elas absorvem os bons hábitos;

22 – Evite ceder ao primeiro “não gosto disso”: a criança tem tendência a dizer que não gosta de comidas que ainda não provou; tente estimular curiosidade e incentivar a criança a provar

23 – Educar é amar e cuidar: dê ferramentas e imponha regras ao seu filho, mas nunca se esqueça de o fazer sentir acarinhado e amado.

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