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A introdução da alimentação complementar, vulgarmente designada por diversificação alimentar, é um processo que suscita muitas dúvidas nos pais e cuidadores das crianças, visto que as crianças não são todas iguais, e existem sempre diversas particularidades neste processo.
Uma das questões mais pertinentes aquando da diversificação alimentar é como introduzir os alimentos alergénicos ao bebé?
Mas antes de dar resposta a essas questões, importa esclarecer o que é a diversificação alimentar.
Diversificação alimentar: em que consiste?
A diversificação alimentar consiste na transição de uma alimentação exclusivamente láctea para outra que inclui, para além do leite, alimentos de consistência cada vez mais sólida.
De facto, se até aos 6 meses de vida, quer o leite materno quer as fórmulas para lactentes, conseguem suprir as necessidades nutricionais da criança, a partir dessa altura, essas necessidades aumentam e deixam de ser satisfeitas pelo regime lácteo, principalmente no que respeita a energia, ferro e proteínas.
Este período (de diversificação) constitui, portanto, uma transição para a alimentação familiar, sendo um período essencial para definir as preferências e tolerâncias alimentares da criança, assim como detetar potenciais alimentos alergénicos.
Alergia alimentar: o que é e quais os alimentos mais frequentemente envolvidos?
Alergia alimentar define-se como uma reação mediada pelo sistema imunitário a determinado(s) alimento(s), ocorrendo predominantemente nos primeiros 3 anos de vida.
Nestes casos, o sistema imunitário reconhece erradamente os alimentos, encarando-os como agressores para o organismo, e desencadeia uma reação imunológica contra os mesmos.
Note-se que, para existir uma reação alérgica, primeiro tem de haver uma sensibilização (ou seja, uma primeira exposição); a verdadeira reação alérgica ocorre numa segunda exposição ao alimento, desencadeando as manifestações clínicas.
A alergia à proteína do leite de vaca juntamente com a alergia à proteína do ovo, constituem as alergias alimentares mais comuns na infância, e, em casos mais graves, podem, inclusive, ser fatais.
Além destas, a alergia ao amendoim, frutos de casca rija, como as nozes, peixe, marisco, trigo e soja são também muito comuns.
Os sintomas mais frequentes da alergia são a comichão no corpo, aparecimento de manchas vermelhas, tosse, alterações gastrointestinais, incluindo diarreias e vómitos, e, em casos mais graves, insuficiência respiratória.
Qual a melhor forma de introduzir os alimentos alergénicos ao bebé?
A primeira ideia que importa salientar é que os alimentos alergénicos referidos anteriormente, devem ser introduzidos a partir dos 6 meses, durante o período de diversificação alimentar, e de forma isolada, para facilitar a monitorização da reação do bebé. O ideal é que exista um intervalo de pelo menos 72 horas entre a introdução de novos alimentos.
Caso haja reação, como a maioria delas poderá ser passageira, o alimento identificado deverá ser testado novamente passados 3 meses. Caso volte a acontecer, o alimento só deverá ser novamente oferecido quando a criança completar 1 ano e meio.
Nestes casos, o desaparecimento da alergia deverá ser confirmado por um teste de provocação oral realizado em meio hospitalar por questões de segurança.
Outros aspetos relevantes
A diversificação alimentar inicia-se, por norma, com a papa, com a sopa de legumes e, de seguida, a fruta em natureza.
Neste contexto, é importante ter em consideração que alguns hortícolas, como espinafres e nabo, assim como algumas frutas, nomeadamente o kiwi, morangos, pêssego e manga, por serem mais propensos a causar alergias, só deverão ser introduzidos depois dos 12 meses de idade.
Já a papa deverá ser, inicialmente de arroz ou milho, de modo a não conter glúten. Posteriormente, poderá passar para uma papa com glúten.
Também as leguminosas secas (feijão, ervilha, grão, lentilha, fava) só deverão ser introduzidas a partir dos 9/10 meses, sem casca e em pequena quantidade, visto que, mesmo não sendo, dos alimentos mais implicados nas alergias alimentares, são também suscetíveis de causar alguma reação.
Outro ponto importante é a introdução do ovo, visto que, como já mencionado anteriormente, é um alimento frequentemente implicado nas alergias em crianças.
Neste caso, deverá iniciar pela introdução da gema, pelos 9 meses, e só depois da criança completar 1 ano é que deverá introduzir a clara do ovo, que é a componente onde estão concentradas as proteínas passíveis de causar alergia.
Concluindo…
Posto isto, nunca é demais salientar que a ordem aqui mencionada não é rígida e que deve ser adaptada a cada bebé. No entanto, parece ser a forma mais eficaz de introdução dos alimentos alergénicos de modo a minimizar a probabilidade de ocorrência deste fenómeno.
Como em tudo, é muito importante consultar de imediato o pediatra caso detete algum sintoma estranho após início da diversificação alimentar.