Farmacêutica Rita Teixeira
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23 Out, 2023 - 12:10

Sente falta de lubrificação? Saiba porquê e como contornar

Farmacêutica Rita Teixeira

A falta de lubrificação é muito comum nas mulheres na menopausa. Porém, também pode ocorrer em qualquer altura da vida.

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Também chamada secura vaginal, a falta de lubrificação afeta muitas mulheres e é uma alteração íntima natural que pode causar algum desconforto durante o dia-a-dia ou mesmo dor na relação sexual.

É mais comum na menopausa, devido a uma série de consequências hormonais. No entanto pode também acontecer em mulheres jovens e saudáveis. Saiba, então, quais os principais sintomas, causas e o que pode fazer para contornar este problema.

Falta de lubrificação

Antes de mais é essencial perceber que a lubrificação vaginal é natural e que é o resultado de uma série de alterações na concentração de estrogénios na mulher.

Quando os níveis de estrogénio estão mais elevados, o colo do útero é estimulado a produzir secreções que acabam por ser excretadas também pela vagina. Estes níveis encontram-se elevados de forma natural em algumas situações:

  • todos os meses, no ciclo menstrual, antes da libertação do óvulo;
  • durante os meses de gravidez;
  • nas adolescentes, antes destas terem a primeira menstruação;
  • aquando da toma de medicação que contém estrogénios (como por exemplo em tratamentos hormonais para fertilidade).

Quando a mulher sente falta de lubrificação, mesmo nestas alturas anteriormente faladas, então poderá estar a passar por ressecamento vaginal. Isso pode acontecer quando há um desequilíbrio no muco vaginal, muco este que funciona como uma película essencial no interior do canal vaginal, que protege a região íntima feminina.

Principais sintomas de falta de lubrificação

Os sintomas mais comuns de falta de lubrificação são os seguintes:

  • dor enquanto tem relações sexuais;
  • comichão;
  • sangramento;
  • ardor, semelhante ao sentido numa infeção urinária;
  • infeções vaginais.

Quais as principais causas para a falta de lubrificação?

As causas para a falta de lubrificação são diversas, mas as que se seguem são as mais comuns.

Menopausa

A entrada da mulher na fase da menopausa resume-se ao final da vida reprodutiva, logo, as hormonas sexuais femininas, cujo principal objetivo fisiológico é a reprodução e gravidez, tendem a diminuir, uma vez que já não são necessárias.

É precisamente dessa diminuição hormonal que se desenvolvem alguns sintomas secundários anteriormente falados. Com esta queda, especialmente de estrogénio, todo o sistema reprodutivo da mulher é alterado sofrendo diversas consequências. Sendo uma delas, a falta de lubrificação.

A síndrome génito-urinária da menopausa (que veio substituir a anterior atrofia vulvovaginal), é uma das responsáveis por este sintoma, uma vez que acarreta uma série de outros sintomas associados ao decréscimo dos estrogénios e outras hormonas sexuais.

Infeções

Tanto as infeções vaginais, como por exemplo a candidíase causada pelo fungo Candida albicans, como as infeções urinárias podem alterar a flora normal da vagina, podendo esta perder lubrificação causando ainda mais desconforto e comichão.

Diminuição dos níveis de estrogénios

Tal como já foi referido, o estrogénio é a hormona responsável pela gravidez. Mas não só.

A quantidade excretada normalmente pela mulher, tem a função de também estimular as células da vagina a produzir glicogénio. Esta produção vai ser essencial para uma boa lubrificação e para manter os lactobacilos saudáveis, ajudando a manter a flora vaginal saudável e com um pH ótimo.

Ora, quando os níveis de estrogénios sofrem variações bruscas e atípicas, todo o ciclo fica comprometido, provocando desequilíbrios na flora vaginal que resultam numa diminuição das células vaginais, deixando as paredes mais finas, e, por sua vez, mais secas.

Medicamentos

Uma vez que a toma de determinados medicamentos pode afetar vários ciclos da mulher, é necessário tomar especial atenção para o facto de se ter iniciado uma nova rotina medicamentosa, quando se avalia o porquê da falta de lubrificação.

É comum que alguns antibióticos, como a rifampicina, griseolfulvina e a rifabutina, ou terapias como radioterapia e quimioterapia, interfiram com a produção de estrogénios, o que pode causar diversos sintomas secundários, sendo a secura vaginal um deles.

Pílulas anti contracetivas

A pilula anticontracetiva, o anticontracetivo oral mais comum, são comprimidos tomados pela mulher para assim controlar o seu ciclo menstrual e não engravidar. Estes comprimidos normalmente contêm duas hormonas, que mimetizam as hormonas naturais da mulher: o estrogénio e a progesterona.

Quando o organismo deteta hormonas artificiais no corpo, tende a diminuir as suas hormonas naturais. Assim, por vezes, os níveis de estrogénios podem diminuir, aparecendo alguns sintomas, como por exemplo alterações na lubrificação vaginal, uma vez que ocorre uma diminuição das células da parede vaginal, deixando-a mais fina e seca.

É possível contornar a falta de lubrificação?

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Antes de mais é sempre importante ser visto e acompanhado pelo seu médico ginecologista, que conhece o seu corpo e poderá aconselhar e medicar (se for o caso disso) da melhor forma possível, alivando assim os sintomas e permitindo um aumento da lubrificação vaginal.

Assim, os tratamentos mais comuns e recomendados, sejam eles médicos ou caseiros, passam pelos que descrevemos de seguida.

Reposição hormonal

Este tratamento médico, é aconselhado às mulheres que estão a iniciar a menopausa, de forma a sentirem o menos possível efeitos secundários.

A reposição é feita de acordo com cada mulher, repondo os valores de concentração das hormonas, permitindo que a mulher não chegue a sentir falta de lubrificação, bem como diversos outros sintomas.

Comprimidos de estrogénio

A composição destes comprimidos é semelhante à das pilulas anticoncepcionais, e tende a aumentar a quantidade destas hormonas no corpo.

Verifica-se quase sempre uma estimulação da lubrificação natural, aliviando diversos sintomas incomodativos.

Tal como a reposição hormonal, estes comprimidos só devem ser tomados quando aconselhados pelo seu médico ginecologista, uma vez que podem ser responsáveis por diversos efeitos secundários.

Cremes ou pomadas vaginais

Estes cremes são utilizados especificamente para a falta de lubrificação feminina, e são normalmente a primeira opção para pacientes e médicos.

Dividem-se em dois tipos diferentes. Veja.

  • Cremes hidratantes: estes cremes aumentam o volume da água nas células vaginais, proporcionando um restabelecimento do pH normal e alívio da secura vaginal, uma vez que criam uma camada lubrificante e protetora da flora vaginal, que se mantém por diversas horas ou dias, aliviando os sintomas mais desagradáveis.
  • Cremes com baixa dosagem de estradiol: estes também estimulam a lubrificação da mulher, apesar de já recorrerem ao efeito do estrogénio, sendo por isso mais eficazes.

Dieta com fitoestrogénios

Os fitoestrogénios são substâncias muito semelhante aos estrogénios que se encontram em diversos alimentos. Logo, quando se faz uma dieta à base destes alimentos, consegue-se uma ação semelhante à ação dos estrogénios.

Com a ajuda de um nutricionista, é possível incluir na sua dieta normal alimentos destes, tais como a linhaça, tofu, soja, cevada e sementes e abóbora.

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