Nutricionista Inês Sanches
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08 Mar, 2018 - 14:02

Aminoácido presente nos espargos ajudam a propagar cancro da mama!

Nutricionista Inês Sanches

Sabe-se que os espargos ajudam a propagar cancro da mama. A asparagina, um aminoácido não essencial presente numa variada gama de alimentos que inclui os vegetais, a carne, o peixe, os produtos lácteos, a soja e a batata, pode ser um nutriente muito importante, para uma forma mortal de cancro da mama.

Aminoácido presente nos espargos ajudam a propagar cancro da mama!

Aquilo que comemos pode influenciar a propagação do cancro. Afinal, descobriu-se que os espargos ajudam a propagar cancro da mama.

Quem o diz é o grupo de investigadores do Centro de Investigação de Cancro no Instituto de Cambridge, no Reino Unido, responsável pela investigação conduzida em ratos que demonstrou que alguns componentes naturais dos alimentos podem influenciar o crescimento e propagação de tumores malignos.

Estas descobertas foram publicadas na revista científica Nature, e no caso dos espargos, o componente natural que pode prolongar a doença e levá-la a outros órgãos do corpo humano é a asparagina, também presente noutros alimentos como a carne, vegetais e produtos lácteos.

Mais sobre a asparagina…

espargos ajudam a propragar cancro da mama e asparagina

A asparagina é um aminoácido não essencial (isto é, o organismo também a sintetiza) codificado pelo código genético, sendo portanto um dos componentes das proteínas dos seres vivos.

Como foi isolada pela primeira vez a partir do sumo do espargo comum (asparagus officinalis) o seu nome deriva dele mesmo. É também nos espargos que a asparagina se encontra em abundância apesar de estar presente noutros alimentos em menor quantidade.

Espargos ajudam a propagar cancro da mama através da asparagina

cancro da mama e espargos

Os investigadores estudaram a relação entre asparagina e a disseminação do tumor em ratos com cancro da mama triplo negativo.

O cancro da mama triplo negativo é uma das formas mais agressivas de cancro da mama. É capaz de se propagar rapidamente e é tipicamente resistente às formas tradicionais de tratamento, como a quimioterapia e a radioterapia.

A atual investigação procurou descobrir algumas das razões pelas quais esse tipo de cancro não só sobrevive, mas também prospera no corpo, na esperança de que isso acabe por levar a uma melhoria das abordagens terapêuticas.

Os tumores propagam-se através da asparagina:

A abordagem do estudo teve duas vertentes:

  1. Administraram aos ratinhos L-asparaginase, que é um fármaco de quimioterapia atualmente utilizado no tratamento da leucemia linfoblástica aguda, conhecida por se desenvolver em asparagina. A L-asparaginase atua inibindo a produção do aminoácido asparagina no organismo.
  2. Restringiram as dietas dos ratinhos, de modo a terem uma menor quantidade de asparagina.

Essa abordagem dupla resultou numa redução das metástases do cancro da mama nos ratinhos.

“Quando a disponibilidade de asparagina foi reduzida, vimos pouco impacto no tumor primário na mama, mas as células tumorais sofreram uma redução na capacidade para metastizar noutras partes do corpo”, disse o Professor Greg Hannon, investigador que coordenou o estudo.

Por outro lado, quando os investigadores forneceram aos ratos alimentos com alto teor de asparagina, os tumores espalharam-se mais rapidamente.

Além disso, para confirmar o papel desempenhado pela asparagina na disseminação de tumores cancerígenos, a equipa analisou dados de pacientes com cancro da mama.

Nessa análise, descobriram que houve uma correlação positiva entre a capacidade das células cancerosas sintetizarem asparagina e a probabilidade dos tumores se espalharem para outras zonas do corpo.

Ainda mais preocupante, a capacidade das células malignas de produzir este aminoácido também foi associada a uma menor taxa de sobrevivência entre os pacientes.

Asparagina e metástases: que relação com a mortalidade?

aparelho de tomografia

“A maioria das mulheres com cancro da mama não morre devido ao seu tumor primário, mas sim devido às metástases que se formam, mesmo depois da lesão primária ter sido removida”, aponta a investigação.

Isso significa que a morte acontece, em muitos casos, devido à propagação da doença para outros órgãos do corpo e não devido ao problema inicial em si.

Essa propagação do cancro ocorre quando as células malignas abandonam o tumor primário e espalham-se para outras zonas do organismo pela corrente sanguínea. E é precisamente neste processo que os cientistas acreditam que a asparagina tem maior relevância, acreditando que a redução do consumo deste aminoácido não previne o aparecimento dos tumores primários.

Ora, uma vez que foi ao bloquear a asparagina em ratinhos que se observou uma redução significativa da capacidade de propagação de células malignas, os investigadores ficaram interessados em criar um ensaio clinico que lhes permita entender de que forma a dieta afeta os níveis de asparagina no organismo.

Mudança de hábitos alimentares: o que fazer?

medico e estetoscopio

Apesar da descoberta, os testes só foram realizados em ratos pelo que é necessário confirmar a conclusão.

É importante que as pessoas não entrem em dietas drásticas que cortam a asparagina ou outros nutrientes durante o tratamento, sem primeiro falarem com os seus médicos.

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