Nutricionista Mafalda Andrade
Nutricionista Mafalda Andrade
10 Out, 2016 - 14:13

A dieta hiperproteica: como funciona e quais os seus perigos associados

Nutricionista Mafalda Andrade

Descubra o método utilizado na dieta hiperproteica e os seus perigos.

A dieta hiperproteica: como funciona e quais os seus perigos associados

A dieta hiperproteica é, como o nome indica, uma dieta que consiste em ingerir principalmente alimentos ricos em proteína, com uma redução consequente dos restantes macronutrientes.

A principal vantagem da dieta hiperproteica é o facto de induzir uma rápida perda de peso. Esta perda de peso tende até a ser mais rápida que a das dietas hipocalóricas, que são as mais frequentemente utilizadas.

As dietas hiperproteicas são regularmente utilizadas por fisioculturistas e indivíduos que têm como objetivo a perda de massa gorda e aumento da massa magra, contudo qualquer pessoa pode seguir este tipo de plano.

Ao consumir uma quantidade de proteína adequada, irá aumentar a quantidade de músculo no seu organismo, enquanto a ingestão reduzida dos outros macronutrientes irá promover a metabolização de massa gorda.

Uma das características mais interessantes da dieta hiperproteica é o facto de esta favorecer o emagrecimento rápido sem exigir que passe fome.


Como funciona?

1. Adeus, hidratos de carbono

hidratos de carbono

Os hidratos de carbono parecem ser os novos “maus da fita” das dietas, daí a recente popularidade das dietas hiperproteicas.

Quando ingere hidratos de carbono, eles são rapidamente digeridos e, consequentemente, convertidos em açúcar. Esse açúcar pode ser utilizado imediatamente como fonte de energia ou, em caso de excesso, armazenado em forma de gordura que, como seria de esperar, está associada a um aumento de peso e de volume.

O tipo de hidratos de carbono também influencia a perda de peso, não só pela saciedade que induzem como pelo seu índice glicémico.

O pão branco, por exemplo, é pobre em fibra e de digestão muito rápida, sendo que, ao ingeri-lo, os seus níveis de glicemia serão rapidamente alterados e sentir-se-á com fome mais rapidamente.

Quando o organismo se vê privado de hidratos de carbono, este é obrigado a recorrer a outras fontes de energia, como a gordura e as proteínas.

Diminuir a ingestão de hidratos de carbono irá também ajudar a melhorar problemas de gastrite, diminuir os níveis de triglicerídeos e o fígado gordo.

 


2. Olá proteínas

Como em todas as dietas, não se pode tirar sem dar também. Deste modo, como estará a restringir o consumo de hidratos de carbono, deve aumentar o consumo de proteínas.

As proteínas são nutrientes de digestão lenta, algo benéfico para quem deseja emagrecer, visto que elas são capazes de prolongar a sensação de saciedade, evitando que sinta fome pouco tempo após ter comido.

Numa dieta hiperproteica, as proteínas ingeridas irão ajudar a manter o seu músculo intacto, sendo que o seu corpo não o irá utilizar como fonte de energia, mas a massa gorda.

Sempre que possível, deve privilegiar as carnes magras como o frango, perú e coelho. O peixe deve ser sempre privilegiado em relação à carne e o ovo também pode ser uma ótima fonte proteica.

Deve evitar as carnes gordas e ricas em gordura saturada, como o porco, a galinha e o pato.


 


3. As amigas gorduras

gorduras

Além das proteínas, as gorduras também fazem parte de uma dieta hiperproteica. Contudo, não são todas.

Deve evitar, sempre que possível, as gorduras saturadas e as de origem animal. Deste modo, prime pela gordura proveniente do azeite, frutos gordos e peixes gordos.

Estes alimentos são ricos em gorduras insaturadas, que ajudam na saúde cardiovascular, prevenindo o risco de doenças cardiovasculares.

Deve ter especial atenção à ingestão de frutos gordos, sendo que estes devem ser controlados pelo seu teor em hidratos de carbono.

 


4. E, como sempre, os hortofrutícolas

Os hortícolas são, normalmente, de consumo livre numa dieta hiperproteica. Contudo, em alguns casos, estes são dispostos de acordo com uma escala de índice glicémico.

Independentemente dessa escala, os hortícolas devem ser sempre ingeridos sem limite de restrição, devido ao seu baixo teor de hidratos de carbono e sua elevada quantidade de fibra, minerais e vitaminas.

Já as frutas devem ser bastante controladas numa dieta hiperproteica, devido ao seu teor em hidratos de carbono e índice glicémico.


Dicas extra

  • Não passe muitas horas sem comer;
  • Evite as tentações alimentares;
  • Pratique exercício físico para manter e promover o ganho de massa magra;
  • Elabore sua lista de compras de acordo com os alimentos permitidos na dieta, de forma a evitar ter alimentos não aconselhados em casa.


Perigos da dieta hiperproteica

obstipacao

São escassas as evidências sobre os efeitos das proteínas no desenvolvimento de doenças crónicas, como consequência de dietas hiperproteicas.

Contudo, existem alguns perigos se não for devidamente acompanhado.

1. Insuficiência renal

Sabe-se que uma dieta hiperproteica pode induzir um aumento do esforço realizado pelos rins que, por sua vez, irá promover uma reabsorção de alguns minerais.

Este efeito irá aumentar a taxa de filtração glomerular e a pressão dos capilares glomerulares que, associados a uma doença renal adicional, podem causar danos glomerulares permanentes.

 


2. Obstipação

Por norma, os alimentos ricos em proteína e com um baixo teor de hidratos de carbono, têm também um baixo teor de fibra.

Deste modo, é possível que uma dieta hiperproteica cause algumas dificuldades de digestão e obstipação.

 


3. Mau hálito

A dieta hiperproteica da alimentação, como já foi referido acima, limita o consumo de hidratos de carbono, levando a que o organismo comece a transformar a gordura em energia.

Essa transformação, apesar de positiva, leva à liberação de uma grande quantidade de corpos cetónicos que, em excesso, podem causar mau hálito e náuseas.

Devido aos riscos apontados acima, é imperativo que consulte um profissional de nutrição antes de iniciar uma dieta hiperproteica. 


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