Farmacêutica Cátia Rocha
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04 Jun, 2018 - 14:21

Dermocosméticos vs Cosmecêuticos: como atuam e quais as suas diferenças

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O conceito cosmecêutico surge no mercado com uma categoria de dermocosméticos intensivos, fruto de uma cooperação entre os laboratórios cosméticos e farmacêuticos. Esta linha de produtos que se diferencia pelo tipo de princípios ativos, concentração na formulação final e de onde se obtém resultados verdadeiramente efetivos.

Dermocosméticos vs Cosmecêuticos: como atuam e quais as suas diferenças

Estes produtos que transpõem os cosméticos tradicionais, e que não podem ser considerados medicamentos, são apelidados de cosmecêuticos, do termo cosmeceutical (da junção de cosmetics com pharmaceuticals). Os cosmecêuticos intersectam as áreas da farmacologia e da estética.

O ser humano desde sempre integrou os cosméticos nos seus hábitos quotidianos. Com a evolução científica e tecnológica surgiram então os cosmecêuticos que excedem apenas o embelezamento e a limpeza característicos dos cosméticos tradicionais.

Estes produtos assumem um papel relevante no controlo de muitas doenças de pele, com benefícios cutâneo e terapêutico, tendo já sido evidenciadas a capacidade de aumentar a eficácia da terapia tópica medicamentosa e diminuição dos efeitos adversos.

QUANDO OS TERMOS COSMECÊUTICO E COSMÉTICO SE FUNDEM

cosmeceutico e shampo para o cabelo

Alguns produtos correspondem ao mesmo tempo às definições de cosmético e cosmecêutico. Por exemplo, um champô é um cosmético pelo seu uso de limpar o cabelo. Um champô anti-caspa é um cosmecêutico pelo seu uso terapêutico de tratamento da caspa.

Por exemplo, a vitamina C é um antioxidante reconhecido e quando é adicionado a uma loção ou creme, o produto é considerado um cosmecêutico.

Assim, a indústria cosmética usa a palavra “cosmecêutico” para se referir a produtos cosméticos que têm também benefícios medicinais.

QUAIS AS VANTAGENS DOS COSMECÊUTICOS?

produtos de cosmetica

Muitas marcas de dermocosméticos estão a desenvolver linhas específicas de produtos cosmecêuticos. Este tipo de produtos, apesar de serem de aplicação tópica e manterem os seus objetivos maioritariamente estéticos, são compostos por substâncias ativas de elevada concentração, muito específicas, que exercem uma ação profunda no tecido cutâneo.

Esta ação dos cosmecêuticos pode trazer benefícios tanto ao nível do equilíbrio da pele, como no tratamento de problemas específicos. Por outro lado, os cosmecêuticos representam soluções alternativas aos tratamentos médico-estéticos, com opções muito menos invasivas.

Pode dizer-se que os cosmecêuticos realizam ações dermocosméticas muito mais ativas, mais eficazes, conseguindo resultados equivalentes a alguns fármacos, mas sem agredir a pele.

Por estas razões, a utilização deste tipo de produtos por parte do público em geral, deve sempre ser feita de forma orientada – é de extrema importância que, tal como acontece com a aplicação de um fármaco, a aplicação de um cosmecêutico seja sujeita a uma prescrição adequada, por alguém que tenha um conhecimento profundo da pele e das substâncias que compõem os produtos, para aconselhar, após uma análise cuidada de cada caso, o produto certo.

QUAL A LEGISLAÇÃO APLICADA AOS COSMECÊUTICOS?

A FDA (agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos) não reconhece cosmecêuticos como uma classe separada de produtos de beleza. Assim, um produto é regulado como um cosmético ou é regulado como um medicamento.

Se uma marca lançar um produto que alegue afetar a estrutura ou função do corpo, a FDA consideraria um novo medicamento, o que iria exigir que fossem feitos testes clínicos para comprovar a sua eficácia e segurança.

Assumindo que todas as alegações do cosmecêutico se mostraram verdadeiras em estudos clínicos e o produto é eficaz, a FDA aprovaria, mas como um novo medicamento.

À semelhança, na União Europeia, a legislação sobre cosméticos prevê que um produto cosmético possa ter uma finalidade preventiva secundária (mas não curativa).

Por outras palavras, um extrato de camomila, por exemplo, pode ser potencialmente fabuloso para a pele e tratar doenças associadas, mas um produto para a pele que contenha esse extrato e seja considerado cosmecêutico apenas pode fazer afirmações vagas sobre as suas qualidades rejuvenescedoras ou refrescantes.

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